OS AMIGOS DE ADOLFO
2. Sob o signo da suástica
O plano abre sobre uma maravilhosa paisagem alpina. Uma legenda situa-nos no tempo e no espaço: Áustria, 1932. A música tirolesa começa a dar lugar ao ritmo compassado de uma marcha militar, prenunciando algo. Ou qualquer coisa, sabe-se lá...
Cortamos para o interior de uma casa. É a casa da família Eichmann.
Ernst Kaltenbrunner, austríaco, advogado, 2 metros e 1 centímetro de altura, amigo da família, aconselha o jovem Adolf a aderir ao nacional socialismo. Adolf assim faz. O ramo austríaco do NSDAP inscreve-o como militante, com o número 889 895.
A 1 de Abril de 1932 Adolf Eichmann dá mais um passo decisivo na vida: entra para as SS, como SS-Anwärter (uma espécie de cabo raso). Em Novembro já é um SS-Mann, portador do cartão com o número 45326 da Schutzstaffel.
Cortamos para 1933, quando os nazis sobem ao poder. Eichmann regressa à Alemanha e candidata-se a serviço activo nos regimentos das SS. É admitido e em Novembro de 1933 é colocado no serviço administrativo do campo de concentração de Dachau, com o posto de Scharführer. A carreira de Adolf promete.
Em 1934 Eichmann requere a transferência para a Sipo (Sicherheitspolizei, Polícia de Segurança), que por essa altura se tinha tornado numa organização não menos poderosa e temida que a sua prima Gestapo. A transferência é concedida e Eichmann é destacado para a sede da SD (Sicherheitsdienst) em Berlim. É promovido a Hauptscharführer em 1935 e recebe a comissão de SS-Untersturmführer em 1937.
(O espectador não se deve distrair nem envolver demasiado com a profusão de siglas ou com a aparente abstrusidade de algumas designações. Afinal de contas isto é uma novela, e não um documentário ou uma aula de alemão. Faça o favor de se concentrar no essencial. O resto é mais para criar ambiente e para que se possa mais facilmente imaginar o sotaque característico dos actores que desempenham papéis de alemão.)
Ainda em 1937 Eichmann é enviado, juntamente com o seu superior Herbert Hagen, à Palestina. (Breve plano elucidativo do estatuto de protectorado/mandatado britânico da Palestina à data dos acontecimentos, não vá o estimado público baralhar-se todo.)
O objectivo da missão é avaliar as possibilidades de emigração maciça de judeus da Alemanha para a Palestina (onde se lê emigração poderia talvez ler-se exportação, ou mesmo dumping, mas esta novela não pretende cair no humor negro demasiado fácil). Eichmann e Hagen desembarcam em Haifa, mas só conseguem obter vistos de passagem. Dirigem-se então ao Cairo, onde se encontram com Feival Polkes, um agente da Haganah (agência clandestina judaica), que discute com eles os planos sionistas, tentando obter ajuda no sentido de facilitar a emigração de judeus da Europa. Alto ambiente conspirativo.
Breve flash-forward: Eichmann, muitos anos mais tarde, declara que tinha também em vista encontrar-se com líderes árabes na Palestina e que isso nunca chegou a acontecer porque as autoridades britânicas lhe recusaram a entrada na Palestina.
Regresso a 1938. Eichmann é destacado para a Áustria, para ajudar a organizar as Forças de Segurança das SS após o Anschluss (a anexação da Áustria pela Alemanha). Este serviço vale a Eichmann a promoção a SS-Obersturmführer (Primeiro-tenente) e a escolha, no final de 1938, para formar o Gabinete Central para a Emigração Judaica, a quem se atribui a deportação forçada e a expulsão dos judeus da Áustria.
O episódio termina com Adolf Eichmann embrenhado em estudos do judaísmo, por força das suas novas tarefas. Já com o genérico a sobrepôr-se, ouvimo-lo a aprender hebraico.
(Continua)
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1 comment:
Agora sim, estão todas as linhas a funcionar. Na do se não aguenta esperar pelo 3º, que foi o meu caso, a mesma senhora de ontem, já não tão simpática, acho que me reconheceu a voz, disse-me, à laia de resumo, que o Adolf teve notas medíocres nos estudos do judaínismo e aproveitamento nulo em hebraico. Mas só me disse isto a malvada. Bom, vou ter que esperar pelo 3º episódio... haja unhas...
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