OS AMIGOS DE ADOLFO
4. Riccardo
O plano abre sobre as ruínas, materiais e humanas, do III Reich. Eichmann é capturado por soldados norte-americanos.
Talvez por não acompanharem esta blogonovela, os captores não se apercebem de que acabaram de encontrar um bilhete de lotaria premiado. Não reconhecem Adolf Eichmann, que se apresenta como “Otto Eckman” e consegue passar por um vulgar nazizeco de meia tijela como tantos outros.
Corta para fuga de Eichmann. Sobrepõe-se legenda: 1946. Durante quatro anos, Adolf consegue esconder-se em diversas zonas da Alemanha. Em 1948 obtém uma autorização de desembarque na Argentina, mas não lhe dá uso de imediato.
Corta para 1950. Eichmann chega a Itália, onde passa por refugiado, com o nome de Riccardo Klement. Com a ajuda de um frade franciscano com ligações ao arcebispo Alois Hudal, que organizou uma das primeiras rotas de fuga de criminosos de guerra nazis, Eichmann consegue um passaporte humanitário do Comité Internacional da Cruz Vermelha e um visto argentino, ambos em nome de "Riccardo Klement, técnico". (A produção da novela pode encontrar este passaporte falso no Museu do Holocausto em Buenos Aires, onde se encontra desde 2007, e fazer um mock-up fidedigno.)
Corta para 14 de Julho de 1950. "Riccardo Klement" embarca num navio com destino à Argentina.
Nos dez anos que se seguiram trabalha em diversos biscates na área de Buenos Aires e não só (de capataz de fábrica a assistente de engenheiro hidráulico e a criador de coelhos). Mesmo antes do intervalo para a publicidade, Eichmann consegue reunir toda a família na Argentina.
Corta para Junho de 2006. Na sede da CIA, em Washington, são divulgados antigos documentos relativos a Nazis e às redes que os apoiaram e que rapidamente se reconverteram à luta anti-comunista. Entre os 27.000 documentos divulgados, a câmara encontra e mostra em grande plano um memorandum da secreta alemã BND para a CIA, datado de Março de 1958, em que se afirma que Eichmann estaria a viver na Argentina desde 1952, sob o pseudónimo “Clemens”.
Na época, a CIA não tomara nenhuma medida quanto a esta informação, pois a detenção de Eichmann ameaçava tornar-se embaraçosa tanto para norte-americanos como para alemães, na medida em que chamaria a atenção para todos os ex-nazis recrutados depois do fim da guerra.
Para exemplificar esta situação, fazemos um flashback dentro do flashforward e vemos Konrad Adenauer, chanceler do governo da Alemanha Federal à data do memorandum, manifestando grandes receios: o que é que Eichmann não poderia revelar sobre o passado de malta como Hans Globke, conselheiro de segurança nacional de Adenauer, que tinha trabalhado com Eichmann no departamento de Assuntos Judaicos e na redacção das infames Leis de Nuremberga, de 1935?
A pedido de Bona (sobrepor legenda: Bona, capital da República Federal da Alemanha, 1958), a CIA convence a Life a apagar todas as referências a Globke das memórias de Eichmann, que a revista comprara à família.
Split screen (duas imagens diferentes em simultâneo, portanto): de um lado do écran, a CIA e a BND partilham a informação sobre o paradeiro de Eichmann; do outro lado do écran, em Tel Aviv, as autoridades israelitas suspendem temporariamente as buscas de Eichmann, por não conseguirem descobrir que raio de pseudónimo é que o diabo do homem usava.
(Momento a explorar de modo particularmente enervante e de forma a dramatizar a primeira aparição dos iraelitas na história, agora como nação soberana e já não como gado humano a caminho dos matadouros. Tirar também o devido partido dos “Nokmim”, os “Vingadores”, grupo de elementos oriundos da Jewish Brigade, unidade do Exército de Sua Majestade, uns rapazes que levaram bastante a peito a perseguição, captura e inclusivamente a execução sumária de nazis temporariamente desaparecidos. Óptima altura para terminar o episódio, talvez não sem antes voltarmos a ver Eichmann, tranquilo e feliz da vida, na Argentina.)
Protegido pela hospitalidade argentina, pela inércia da CIA e pela fortíssima concorrência da ameaça soviética, suficiente para ofuscar toda e qualquer vontade de perseguir criminosos de guerra nazis, Eichmann leva a sua vidinha com cautelas mas sem demasiado receio de ser descoberto.
Plano aberto de Eichmann a jogar golfe. Plano apertado de taco de golfe a empurrar bola para o buraco 14. Subjectiva da bola a entrar no buraco. Vai a negro e passa o genérico.
(Continua)
AMANHÃ - A NÃO PERDER - A sua blogonovela da vida real não vai de fim-de-semana - Rigoroso exclusivo DESINFELIZ DE JUÍZO - Ligue 808 666 666 se acha OS AMIGOS DE ADOLFO uma blogonovela bestial - Se acha outra coisa exija que o desliguem da internet - Amanhã, somente das 0.00 às 24.00, 4º episódio e voucher para Tatuagem do seu N.I.B. no pulso - Será que Adolfo vai escapar à justiça?
"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália
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1 comment:
José, eu, aliviado, que por momentos pensei estar a ler a fotonovela errada assim que os meus olhos aterraram no título. Não sei se a fotonovela abordará o assunto, mas consta que o Adolfo era... como dizer? ora, o meu amigo entende-me... De seguida ligarei para o 6 x 6.
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