"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

15.5.08

José, o fumador


José, o Primeiro, era um ex-fumador. Já na sua nova condição de não-fumador, foi caçado a fumar (no gabinete? no hall de entrada do Palácio de Belém? na casa de banho da Assembleia da República? confesso que não me lembro onde foi, mas não interessa). Caçado a fumar, José, o Primeiro, reiterou a sua condição de ex-fumador e actual não-fumador e passou à frente.

No dia 1 de Janeiro, assinalando a entrada em vigor das novas mega-restrições ao acto de fumar, que vieram estender a todo o habitat do ser humano as proibições que há muito tempo já vigoravam nos aviões, José, o Primeiro, assistiu, como todos os portugueses, ao espectáculo do Casino, com o inspector-mor da ASAE no protagonista. Como todos os portugueses, José, o Primeiro, nada fez sobre o assunto e, ao contrário de muitos, não se pôs a criticar o pobre do agarrado. Estou em crer que nem sequer lhe terá dedicado um minuto que fosse do valioso tempo das suas conversas com Manuel, o Pinho, responsável, entre tantas outras coisas complicadas, pela ASAE.

Não admira que, enfiado num avião com destino a Caracas, José, o Primeiro, tenha aproveitado a ocasião para pôr a conversa em dia com Manuel, o Pinho. Quiçá enervado com algum panorama económico eventualmente mais negativo que Manuel, o Pinho, lhe tivesse finalmente conseguido transmitir, José, o Primeiro, teve uma recaída. Sacou de um dos cigarros que já não fuma e fumou. Depois fumou outro. Quando acabou os dele, cravou mais um ou dois a Manuel, o Pinho, que provavelmente o ia acompanhando apenas por uma questão de cerimónia, porque Manuel, o Pinho, não é desses de tomar a iniciativa. E muito menos quando a iniciativa vai contra normas comunitárias em vigor.

Confrontado, já no destino, com alguma polémica gerada no ponto de partida por este pequeno incidente de viagem, José, o Primeiro, meteu a beata no bolso e os pés pelas mãos, como qualquer miúdo apanhado a fumar, engasgou-se e desengasgou-se, tossiu e mentiu. Reafirmou, pela enésima vez, que vai deixar de fumar.

Poucas vezes terá José, o Primeiro, feito uma promessa com tantas probabilidades de vir a cumprir. No dia em que José, o Primeiro, deixe de o ser e volte a ser apenas José, o Engenheiro, vai ter de cumprir a lei que aprovou, talvez com alguma ligeireza, e vai mesmo deixar de fumar nos aviões, nos gabinetes, nos halls, nas casas de banho e basicamente em todo o lado.

A mim, sinceramente, tanto se me dá que José, o Primeiro, fume ou deixe de fumar. O que me lixa é que José, o Alfredo, não possa também fumar um cigarrito em paz e sossego.

2 comments:

CPrice said...

eu sei que o assunto é sério. Muito sério mesmo.
Mas comecei a rir ali por alturas da 2ª linha e parei agora .. que fazer? olhe .. ir fumar um cigarro! Boa ideia ;)

Anonymous said...

(muito risos)
O José, o Alfredo, pode fumar um cigarrito em paz... tem é que fretar um avião, pá.