"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

26.4.06

Tuguíadas I, 71/72


Inda agora se fez outra boutade:
O caso do Paixão já se arquivou,
Não por não ter havido alarvidade,
Só que o acusador não acusou.
Parece virtual realidade,
Pois o Jacinto a fruta mastigou,
Lavada e descascada, foi um figo!
Eu bem tento entender, mas não consigo.

E no meio de tanta porcaria,
De tanto que é famoso e fica arguido
(Ele é café com leite, é frutaria)
E vem depois dizer “Fui ofendido”;
Em Gondomar ou cá, na Mouraria,
Nunca nada se vê bem esclarecido:
Raras vezes se faz o julgamento,
Fica tudo no reino do cinzento.

(...)

Porque é que não se comemora o 26 de Abril?


26/4/1894: Nasceu o capacho de estimação do tio Adolfo, também conhecido por Rudolf Hess.

26/4/1937: O mesmo tio Adolfo resolve fazer um teste às potencialidades da sua Luftwaffe, escolhendo para o efeito a povoação basca de Guernica.

26/4/1986: Chernobyl.

Deve haver mais razões para não se comemorar, mas dificilmente serão piores que estas.

25.4.06

Viva a Otelaria!


Não se pode deixar passar este dia sem uma palavra de júbilo e apreço pelo próprio dia. Com destaque de título para o sector oteleiro mas sem esquecer a cavalaria do Maia e toda a restante rapaziada. Viva, pois!

24.4.06

A última palavra em pornografia

Essa palavra é o suicídio. O suicídio bombista, entenda-se. Palavras bem escritas sobre o assunto. Se é ferozmente anti-sionista e/ou se escandaliza com reflexões críticas sobre a causa palestiniana, não leia.

E tu? O que farias pelo teu mp3?


Na linha de tantas outras campanhas publicitárias subordinadas ao tema "que farias pelo teu...", os belgas foram mais longe. Foram até longe de mais. Numa acção de reality-pub, um evento ao vivo na mais movimentada estação de comboios da capital e em hora de ponta, três jovens mostraram o que estavam dispostos a fazer para ficarem com um leitor de mp3. Dois deles, esfaqueando o terceiro; este, preferindo deixar-se esfaquear a entregar o seu leitor de mp3 aos dois primeiros. O esfaqueado já teve o prémio da sua participação no evento (a título póstumo, bem entendido): uma manifestação silenciosa e sentida de 80.000 pessoas, fortemente impactadas pela campanha. Os dois esfaqueadores, inscritos na acção sob anonimato, continuam em parte incerta desde então e, talvez por timidez, ainda não se apresentaram para reclamar a justa recompensa pela sua brilhante participação. As autoridades belgas prometem ajudar no que puderem.

Eu espero que possam mais do que no caso do meu mac, recentemente bifado num comboio em Antuérpia, quiçá por estes mesmos dois sub-produtos desta nossa maravilhosa sociedade de consumo.

21.4.06

Um rico dia


Hoje comemora-se de tudo um pouco. O grande destaque da TSF vai para a famosa e mítica manifestação dos polícias no Terreiro do Paço. Se bem entendi, o episódio dos Secos e Molhados, ou dos Polícias Contra Polícias, vai ser emulado, reencenado, recriado, relembrado, homenageado ou seja lá o que for, com uma manifestação promovida pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia que irá seguir os passos da outra, de há 17 anos. Escusado será dizer que, se hoje tudo correr bem e a coisa não acabar em traulitada, ficará um certo sabor a pouco, a cópia defeituosa, a ersatz da treta. Ou seja: se correr bem, corre mal. Esta seria mesmo uma excelente oportunidade para o engenheiro Sócrates mostrar que não fica em nada atrás do professor Cavaco, mediante uma bela demonstração de força (e quem diz os primeiros diz os segundos: a grande oportunidade de António Costa mostrar que não pede meças a um Dias Loureiro, se é que era o Dias Loureiro o ministro do Interior da altura...). Mas estou em crer que o povo vai ter de se contentar com as imagens de arquivo para ver esse espectáculo tão apetecido, Bófia Contra Bófia.

Recuando até 1985, eis que foi a 21 de Abril que o Ayrton Senna ganhou o seu primeiro grande-prémio (ao volante de um Lotus-Renault e no Estoril, para não ir mais longe).

Acelerando na marcha-atrás, até 753 A.C., chegamos a outro 21 de Abril e a outro acontecimento mítico: a fundação de Roma pelos gémeos Rómulo e Remo.

Pelo meio ficam outros episódios coloridos, como a morte do Barão Vermelho (1918), o nascimento de Charlotte Brontë (1816), o primeiro hit de Elvis Presley (1956, Heartbreak Hotel), a morte do Keynes (do Keynes, não do ianismo, 1946), o início dos protestos dos estudantes em Tiananmen (1989) ou o retomar das execuções da pena capital na Califórnia.

Este último percalço, atentado ou desiderato, como lhe queiramos chamar, merece um nadinha mais de atenção, não pela questão de fundo, que não me sinto habilitado e/ou inspirado para abordar, mas pelo tarantinesco da história, que tentarei resumir. A minha fonte, para que conste, é o Canal História.

Robert Alton Harris, executado a 21 de Abril de 1992 pelo método da câmara de gás, estava no corredor da morte há 13 anos. Nessa altura, a Califórnia distinguia-se de outros estados com pena de morte por não a aplicar há já muito tempo. Nada que os partidários da dita pena não tenham conseguido resolver, afastando três juízes, de seus nomes Bird, Grodin e Reynoso, e substituindo-os por outros, mais (in)conscientes do seu papel neste mundo.

A 5 de Julho de 1978, Harris raptou dois miúdos de 16 anos num fast-food em Mira Mesa. Quando um dos rapazes suplicou pela sua vida, Harris ter-lhe-á dito: "Pára de chorar e morre como um homem". Posto o que, matou a tiro os dois rapazes e comeu os seus hambúrgueres, por esta ordem. Por uma extraordinária coincidência, o pai de um dos miúdos apanhou Harris nesse mesmo dia numa contravenção de trânsito (espero não ir parar às Pérolas da Tradução com esta...).

A defesa de Harris tentou evitar a pena de morte, com base em danos cerebrais causados por síndroma de álcool fetal (outra possível Pérola...). Mas nem a própria Amnistia Internacional conseguiu evitar que a Califórnia regressasse ao campeonato da matança legal, onde desde então consegue dar alguma luta ao Texas e à Florida.

20.4.06

Opta


Ontem, indo eu a caminho de casa, passei à porta da Assembleia da República. Já em fase de desmobilização, lá vinham os preocupados trabalhadores da PT. Eram muitos e muitos deles envergavam umas T-shirts que tentavam resumir as suas preocupações em três linhas de texto: PT - Uma só - Opa não.

A justa luta das classes trabalhadoras é uma causa com que, por princípio, simpatizo. Se tenho preconceitos nestas coisas, eles levam-me sempre mais para o lado dos reclamantes. Terá sido por isso que me contive sem atropelar nenhum daqueles sujeitos e sem sequer abrir a janela do carro e chamar-lhes nomes.

Em cada linha daquelas T-shirts há qualquer coisa que me incomoda. Com razão ou sem ela, talvez até mais por via da emoção do que da razão.

PT: possivelmente a pior empresa do mundo, provavelmente uma das piores do país, pessoalmente a marca que mais odeio.

Uma só: associo a frase à elefantíase, ao monolito, ao uno e indivisível no seu pior, ao lado negro da força da PT, gorda e anafada, gulosa e insaciável, obesa e paralítica, impenetrável e inamovível, centralona e tentacular.

Opa não: provavelmente estes mesmos manifestantes de ontem já se hão-de ter manifestado em devido tempo contra a privatização da PT, honra lhes seja pela coerência; mas nunca os vi manifestarem-se, pelo menos em público, contra os restos da nacionalização, contra o tal poder da golden share que faz com que a empresa (ou seja, necessariamente, eles próprios) seja gerida pelo refugo do sistema, pelos deserdados de turno das reviravoltas eleitorais, pelos boys e pelos aprendizes de yes-men; calculo que, nos departamentos mais técnicos, haverá algum escrúpulo, algum cuidado e exigência de mínimos de competência, pois apesar de tudo os telefones e os outros zingarelhos lá vão funcionando; sei, por experiência própria, que outros departamentos, como o de marketing, servem de jardim infantil, de ATL, de lixeira de luxo, de campo de cultivo da mais extrema e impune inutilidade, incompetência e corrupção. Nada que não se passe noutras empresas ou grupos, dir-se-ia. Pois. Mas algo que, por acaso, não se passa justamente na empresa ou grupo que pretende passar a dirigir a PT e, por arrasto, aqueles desinconscientes que ontem se manifestavam tão convictamente.

Claro que em causa própria ninguém é bom juíz. Atropelá-los ou mesmo chamar-lhes uns quantos nomes, para além de cruel, seria injusto e inclemente. Mas que lhes fazia bem abrir um bocadito os olhos, lá isso fazia. Nos meus tempos de miúdo, OPA era coisa de palavras cruzadas (no defunto Diário de Lisboa, senhores...): cidade da Caldeia com 2 letras era Ur, capa ou manto com 3 era Opa e em sabendo-se isso e mais uns quantos segredos de polichinelo tudo o resto parecia relativamente simples. O pessoal da T-shirt fazia bem em não se deixar usar em jogos de palavras cruzadas, porque se há coisa em que têm toda a razão é que se trata, não só mas também, da vidinha deles.

19.4.06

F...


F de fim de férias. Como se pode imaginar, o estado de espírito do Desinfeliz não é o melhor. Rubro, abrasado e intumescido está o meu rosto de tanto chorar. Profundamente aflito aqui estou chorando e as lágrimas rolam-me sobre a face sem cessar. As palavras, está bem de ver, não são minhas. Fui buscá-las ao velho Thomas Mann, que as põe na boca de Jacob perante a notícia da morte de José, o seu filho mais adorado. Mas a autoria primordial não se fica por aí: "Estas palavras não eram suas, percebia-se logo. A acreditar em antigos cânticos, já Noé as proferira, iguais ou parecidas, quando do Dilúvio. Jacob fê-las suas." E fez muito bem, porque, mesmo sem começarem por f, são palavras muito adequadas a estas situações de calamidade.

12.4.06

And the winner is... Padre Vincenzo Maculano da Firenzuola!


Foi a 12 de Abril de 1633 que o tribunal do Santo Ofício começou a julgar Galileu Galilei por heresia.

Graças aos bons serviços do Padre Vincenzo Maculano da Firenzuola, antecessor do Cardeal Ratzinger no cargo de inquisidor-mor, Galileu viria a ser condenado nos seguintes termos: "Dizemos, pronunciamos, sentenciamos e declaramos que vós, o dito Galileo, pelas coisas deduzidas durante este julgamento, e por vós confessadas, vos haveis tornado veementemente suspeito de heresia por este Santo Ofício, isto é, de haverdes acreditado e mantido uma doutrina que é falsa, e contrária às Santas Escrituras, qual seja: que o Sol é o centro do universo, e que ele não se move de oriente para ocidente, e que a Terra se move e não é o centro do universo. Ordenamos que por édito público seja proíbido o livro dos Diálogos de Galileo Galilei, e Nós vos condenamos à prisão deste Santo Ofício pelo tempo da Nossa vontade e prazer; e como penitência salutar Nós vos prescrevemos que pelo espaço de três anos vós devereis recitar uma vez por semana os Sete Salmos Penitenciais".

Quem arranjou uma boa maneira de assinalar a data foram os soviéticos, em 1961, ao pôr em órbita um jovem de 27 anos, Yuri Alekseyevich Gagarin, a bordo da Vostok 1.

6.4.06

Tuguíadas I, 67/70 (Ah pois é) (so sorry)


Dois anos se passaram… E entrementes
Pouco ou nada se andou nas julgaduras,
Para além dos famosos incidentes:
Um deles recusar magistraturas,
Os outros ‘inda mais impertinentes.
Esta justiça inveja às ditaduras
É de meter: se bem te não lembravas,
Nem mesmo antes de Abril assim penavas.

O Sampaio que era o Presidente,
O Jorge das palavras palavrosas,
Ao Souto do bigode saliente,
Procurador das gafes horrorosas,
Parecia temer, estranhamente,
Ia sempre suportando as copiosas
Burradas ou burrices, pois então,
Do Moura, inenarrável macacão.

O caso do jornal que nos contou
Do envelope nove: num momento
Diria que o Sampaio se zangou,
E lá se foi o Souto ao parlamento
P’ra se justificar, mas não falou
Pois antes foi ganhando adiamento.
Até que um dia, logo p’la matina,
“Mãos ao alto” na prensa matutina!

Já muitos lhe pediam demissão
Do Moura dos bigodes marafado,
Mas sempre o presidente diz que não
Corre, por bem da pátria, o desgraçado
E sempre lhe mantém sua função.
Lá se fica o país mais desgastado
De tanta inexplicável teimosia.
Ai! O que nos calhou na lotaria!

(...)

Nota: De hoje (incluído) em diante, sem que nada nem ninguém o justifique, os Tuguíadas continuam, o que já de si não augura nada de bom, mas agora em tempo real. Ou seja, o que estava na gaveta já lá vai, para alívio da própria gaveta. O Desinfeliz promete, apesar de algum acrescento de actualidade, manter ou até elevar o nível de inconsequência e canastrice.

5.4.06

Tuguíadas I, 65/66 (O fundo do tacho!) (Aleluia! Aleluia!) (E se Deus quiser não continuia!*)


Há também aquele outro caso sério
Ao qual ninguém ficar pode insensível:
Da Casa Pia o grande despautério,
Rebaldaria tão inconcebível
Que o povo já quer ver no cemitério
Os culpados da prática terrível!
P'ra começar o povo emudeceu
Numa noite em que o Cruz reconheceu

Na traseira do carro dum judito;
Rara cena, sentido não fazia
Que tivesse tal vício, tão esquisito,
O Carlos, todo o mundo o conhecia,
Por atracção carnal p'lo pequenito.
À prisão se fez logo romaria
"Carlos amigo, o povo está contigo!
O perdão levarás, e não castigo!"

- - -

* A questão, não despicienda, é que este é um blog desagnóstico. Estava tentado a formular uma espécie de aposta ou promessa, do seguinte teor: se o Benfica passar hoje, juro que não há mais Tuguíadas. Mas a inversa também seria possível: se o Benfica passar, juro que levo isto até ao fim. A única diferença é que no primeiro caso quem sai a ganhar sou eu e no segundo quem sai a perder é o eventual leitor. Donde, não apostemos com coisas sérias nem misturuntos os assemos. Logo se vê e pronto.

4.4.06

The King is dead. God save the dream.

Faz hoje anos (38) que Martin Luther King Jr foi assassinado, em Memphis, Tennessee. Tinha 39 anos e um sonho.

I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal."

I have a dream that one day on the red hills of Georgia the sons of former slaves and the sons of former slaveowners will be able to sit down together at the table of brotherhood.

I have a dream that one day even the state of Mississippi, a state sweltering with the people's injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.

I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.


Martin Luther King, Jr.

Tuguíadas I, 59/64 (Dose reforçada) (exagerada mesmo) (ou não*)


Deu Damásio a primeira machadada:
Um bigode, Artur Jorge, contratou;
Vai de vender fortíssima moçada,
Que o derradeiro título ganhou...
Desde então, sempre a mesma palhaçada:
Nunca mais o caneco alevantou
A rubra camisola! Quem diria
Que triste sorte assim nos calharia?

Quando será que iremos, retumbando,
Cantar por essas ruas lusitanas?
Mil mares encarnados festejando
O dobrar destas novas Taprobanas.
Se até já festejaram, triunfando,
Aqueles dos quadrados, os sacanas!
Da tropa do Loureiro Valentino
Que ora são do Loureiro mais menino.


Quando é que poderemos finalmente
Soltar a mal contida bizarria?
Saltar e pulos dar, mas de contente,
Nas rotundas e praças, na água fria
Mergulhar e gritar: Vai, rubra gente!
Toda a noite na mais longa folia,
Numa alegria tal, que só percebe
Quem tão pertinho vive do Magrebe.

Estamos perto de entrar em parafuso,
Com tantos anos desta inusitada
Privação dos troféus: maldito abuso,
Que agora até os vence a lagartada...
Até quando o maior dos clubes luso
Verá sua maleita prolongada?
Ah! Mas quando chegar o belo dia,
Vereis o nunca visto: que alegria!


É toda uma nação que ver almeja
Triunfar o clube em que se revê
Aquele que, da cor d'uma cereja,
Sua bandeira mostra, já se vê;
Esperemos então que breve seja
Chegado aquele dia, em que se lê
Os títulos que muitos olvidavam:
"Vibraram! As papoilas saltitavam!"

Fé temos no baixote do Simão,
Que sempre a camisola a dar-nos lia
C'o nome da pequena sucessão,
Mariana, também marca (rouparia);
Assim, de vez em quando, o espertalhão
Na televisão grátis anuncia;
E vai crescendo assim, de forma airosa,
A bela conta em nome do Sabrosa!

(...)

* Seis estrofes de Tuguíadas assim de uma vezada parece uma brutalidade. E é. Mas há uma razão óbvia de unidade temática que leva a este desexagero (felizmente, como já antes se fez notar e nunca é de mais realçar, anacronizada pelo velho Trap). E também tem o seu lado positivo: é da maneira que se acaba mais depressa. Na realidade, já só restam mais duas estrofezinhas na gaveta. Exultai portanto, ó desinfiéis. Mas exultai com conta, peso e medida e acautelai-vos, pois ninguém pode garantir que a coisa não continua...

3.4.06

Que dia é hoje?


Segunda-feira, 3 de Abril — para um gregoriano convicto, a resposta é óbvia. Mas nem toda a gente vai assim pelo Gregório, sem mais nem menos. Vamos supor, por um instante, que somos hobbits. Sendo hobbits, o mais provável é habitarmos no Shire. O que, em princípio, faz com que hoje seja 12 de Astron. Porquê em princípio? Porque o calendário do Shire, o famoso Shire Reckoning, que diz que hoje é 12 de Astron, não tem correspondência directa e automática com o da facção gregoriana dos humanos. Porquê? Porque os anos não começam no mesmo ponto da sazonal deambulação da Terra em torno do astro-rei. É só uma questão de ir aos apêndices d'O Senhor dos Anéis para se compreender a questão: "(...) 25 de Março, a data da queda de Barad-dûr, corresponderia ao nosso 27 de Março, se o nosso ano começasse no mesmo ponto sazonal". Palavras de Tolkien. Nada que um ajuste ao calendário não resolva, compensando esse desacerto e fazendo com que hoje seja 2 de Astron. O que dá um jeitão. Mas nem todos os hobbits habitam o Shire. Bree, não indo mais longe, tem uma comunidade hobbit muito numerosa. Para esses, hoje é 12 de Chithing. Não confundir com 12 de Viressë, que seria a data de hoje em Númenor. Mas não consta que alguma vez algum hobbit tenha posto os seus peludos pezinhos em Númenor, por isso esqueçamos o 12 de Viressë e foquemo-nos brevemente no 11 de Viressë. E porquê no 11 de Viressë? Porque essa seria a data de hoje no Stewards' Reckoning, o equivalente ao Gregório de Gondor, onde os hobbits não pululavam mas por onde passaram alguns, e dos mais ilustres. Para terminar, não podemos nem devemos deixar de referir que em Rivendell é 6 de Tuilë. Na dúvida, quando lhe perguntarem que dia é hoje diga que não pode garantir e mude rapidamente de assunto.

Tuguíadas I, 56/58 (Bola com fartura) (Mantorras) (Vale e Azevedo...)


O Midas mais um tosco transformou
Em pérola brilhante e luzidia;
Mais um da longa lista que abalou
Das paragens da velha Mouraria
E lá foi, rumo ao Norte, e se fixou;
Uns com, uns sem passagem por Leiria.
Havia quem dissesse, adivinhasse,
Que um dia acertaria um simples passe?

Coleccionou na Luz tanta derrota
E empate, tanta coisa malfadada!
Veio agora o croata que é Sokota,
Que tanto prometeu logo de entrada,
Mas quase ficou preso pela bota
(Levou logo uma bela pantufada!):
Os médiços suiços que o coseram,
Ai, coisa boa não lhe prometeram!

De igual modo o Mantorras operavam,
Vítima das entradas assassinas
E dos que duas décadas mandavam
Nos sectores das coisas medicinas,
Mas, pelas provas dadas, não prestavam
Nem p'ra mandar em casas de meninas!
Lá prenderam o Vale; desviava
Dinheiros e o Benfica enxovalhava.

(...)