"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

26.2.06

Tuguíadas I, 10/12


(...)

Que pai foi de seus filhos escolhido?
Qual mãe negou seu gesto, nobre e terno,
Ao fruto do seu ventre, tão querido?
Ninguém merece o amor, que tem, materno,
Pois nada fez, que não haver nascido.
Amor como o de mãe, que é sempre eterno,
Igual não há, nem tão pouco exigente,
Que pela vida fora sempre aumente;

Mesmo que aprenda o filho muitas manhas,
Proezas mil cometa, duvidosas,
Qual seja gamar dúzias de castanhas,
Qual seja nos jardins pisar as rosas,
Ou no muro das duas Alemanhas
As vergonhas mostrar, indecorosas,
Ser preso e condenado, desordeiro...
Não perderá jamais o amor primeiro!

Mas com divagações parar eu quero,
Que resta por contar o rebuliço:
Quando foi este dar naquele um pêro
E aquele neste deu com um caniço;
Vazou-lhe a dextra vista - desespero!
Zarolho se ficou, lindo serviço!
É coisa que acontece a quem derrama
Demais, dessa tal água que tem flama.

(...)

ilustrado com "Vladimirskaya", ícone do séc. XII, Catedral Uspensky, Moscovo

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