"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

4.4.08

Hámais erros


Alguém me chamou a atenção para a existência de mais um erro no headline do tal outdoor do dinossauro. Por acaso o alguém fui eu próprio e o erro na realidade são dois, mas iguais, ou seja, é um só erro que aparece duas vezes. Fique registado que havia muitas razões para deixar passar este, e de momento nem sequer me ocorre nenhuma para o apontar. Mas agora já não dá para meter marcha-atrás.

O erro encontra-se e volta a encontrar-se logo na primeira linha, antes de chegar à frase já anteriormente dissecada:

Grandes demais, pesados demais.


Não é nada degrave, claro, mas o certinho direitinho seria:

Demasiado grandes, demasiado pesados.

Ou talvez:

Grandes de mais, pesados de mais.

Sem querer elevar escusadamente o nível da conversa, o facto é que demais é um advérbio que significa além disso, os/as restantes, e não demasiado, em excesso, ou à ganância, como coloquialmente dizemos, mercê de descontraídas influências brasileiras (cara, cê é demais, poderá estar algum leitor a pensar neste preciso instante, ofuscado com tamanha sapiência, argúcia e mesmo sacanagem, pois não me canso de repetir que esta do demais é completamente de somenos, para não lhe chamar pintelhice, que é o que é).

Acabo de me lembrar de uma razão para estar aqui a chibar-me de mais este erro (perfeitamente inofensivo, como talvez já tenha insinuado): não me parece que o nível de linguagem pretendido, não por mim mas por quem escreveu o headline, seja o coloquial. Ou seja: os erros que a gente damos voluntáriamente não contam (talvez até se pudesse chamar a isto a Lei de José, o Alfredo). Se, derivado ao efeito que se pretende de atingir, a malta damos erros, azarucho. Ou será qué azaruxo? Não mimporta. A liberdade de expressão pode e deve incluir o direito ao erro. Se esperam que eu passe a escrever incorretamente em vez de escrever como deve ser, se querem que eu abdique da correcção só para ficar bem com o aborto orográfico, desenganem-se. Se querem acentos no i do video, não contem comigo. Dossiers sem érre e com acento circunflexo, eu? Nada disso. Eu, como qualquer gajo normal, também gosto de dar o meu errito. Mas errar involuntariamente, por humano que seja, não dá prazer nenhum. A Lei de José, o Alfredo, considera que a prevaricação, em sendo deliberada e consciente, está mais do que desculpada e é um direito inalienável.

Ufa tela eco ando uzê ruscapam çem crer, ia té xegam adificoltar eis trema menta leituraspe soas. Içé quéfo dido.

1 comment:

CPrice said...

e de quantas assinaturas precisa para fazer passar essa lei?
Conte com a minha.