"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália
10.5.06
Ser e não ser
To be or not to be pode ser traduzido para português, sem qualquer dificuldade, por ser ou não ser. Mas se o velho Shakespeare fosse português nunca lá teria chegado. É uma frase que nunca surgiria de uma mente portuguesa. Se o velho Shakespeare fosse português, e mantendo-se tudo o resto, onde ele teria chegado era a ser e não ser. Desinfelizmente, não conheço mundo que chegue para poder dizer que só os portugueses é que, ou que ninguém como os portugueses para. Mas salta à vista, ao ouvido e ao bom senso que não deve haver muito quem nos ultrapasse na arte da conciliação dos opostos, no equilíbrio do cravo e da ferradura, do sim mas e do paralelo e quase sinónimo não mas, da impossibilidade do que parece fácil e da quase probabilidade do que parece impossível.
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2 comments:
Somos verdadeiros construtores de pontes.
Já mantê-las é outra história.
Aí as responsabilidades diluem-se, como as bases dos pilares.
Mas andamos lá próximo com o "fazer ou não fazer". É mais típico da postura lusitana, sendo que a decisão final recai na segunda metade da frase. Relembro o Miguel Esteves Cardoso a propósito da nossa incompetência: nem a não fazer somos capazes de ser bons. Internacionalmente há exemplos (bons) contrários. Estou a lembrar-me, concretamente, dos brasileiros na sua generalidade. Bom, aqui também consta que há uma honrosa excepção: os alentejanos.
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