"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

1.6.07

Um bom filme é...


Em querendo, tudo se pode complicar à exaustão. Mas há quem tenha o dom de não o fazer. Há quem use o poder do cérebro para simplificar e não para confusionar, tal como há quem use os dedos para tocar piano e não para tirar macacos do nariz.

Não é o meu caso, como qualquer blogoleitor minimamente atento e isento pode constatar por aí abaixo. Socorro-me, por isso, do poder dos outros. Cito os mestres, tentando apenas respeitá-los, sendo tão fiel às suas palavras quanto me é possivel.

Vamos a um caso concreto. O tema, como o título e a imagem poderão, de alguma forma, indiciar, é Cinema. Em conversas sobre o tema cai-se, por vezes, na questão primordial de saber qual é o critério, se é que o há, para distinguir um bom filme de um filme que não é bom. E, muitas dessas vezes, quando se resvala para a metafísica do cinema albanês ou para a análise semântica do frame contra-picado, não se chega, obviamente, a lado nenhum. Perde-se, quase sempre, a vontade de ir ver o filme que despoletara a conversa e muda-se de assunto. Mas já é tarde de mais, a cabeça já não quer saber de mais assunto nenhum.


Tenho um amigo que por sua vez tem outro amigo (do qual, infelizmente, não sei o nome, para lhe prestar a justíssima homenagem que merece) que tem sobre esse assunto uma visão 100% objectiva. A Lei de X (sendo X o amigo do meu amigo) é simplicíssima. Pode não se concordar com ela, tal como pode não se concordar que o limite máximo de velocidade numa auto-estrada seja de 120 Km/h. Mas é impossível dizer-se que não se entendeu o conceito.

Para contextualizar minimamente a Lei e apreciar simultaneamente a simplicidade cristalina com que se aplica, supunhamos que fomos ver o filme Y. O amigo X não viu o filme. Encontramos o amigo X e dizemos-lhe:

"Fui ver o filme Y. Viste?"

"Não", diz o amigo X. "É um bom filme?"

Aqui, nós, os que não conhecemos o amigo X, sem o saber já nos estamos a aproximar muito da Lei de X. Estamos à beirinha de a conhecer. Seja o que for que dissermos, ele vai enunciá-la, em termos que qualquer imbecil entende. Porque, seja o que for que nos ocorra dizer ou perguntar, só irá no sentido de complicar a questão. E o amigo X não vai por aí. Vamos supor que a nossa pergunta é:

"O que é para ti um bom filme?"

"Tem mamas?", é a questão que o amigo X prontamente coloca.

"Desculpa...?"

"Perguntei-te se tem mamas. Há alguma parte do filme em que se vejam as mamas de uma gaja? Nem que seja só por um bocadinho?"

"Uhh... Não... Acho que não... Por acaso não, mas olha que..."

"Isso não é um bom filme", atalha o amigo X, antes que a gente se ponha para ali a contar o filme todo do princípio ao fim. "Para mim, um bom filme tem que ter mamas. E se não tem mamas, não é um bom filme". Simples, claro, sem duas leituras possíveis.

Não conhecendo pessoalmente o Mestre X, não sei se a conversa terá seguimento, no caso de o filme não cumprir a Lei de X. Duvido. Mas é um poderosíssimo instrumento de medida, um critério universal e aplicável a todo e qualquer género de filme e/ou de espectador. E isso, em certos temas de conversa, pode fazer muita falta.

3 comments:

Anonymous said...

O seu nome tem alguma grandeza - João Portugal - excepto para o amigo Zé João, mas isso é outra conversa que não tem mamas por onde se pegue.
Existía algum rigor nessa Lei, que deram azo a prolongar a noite por ela adentro, sentado à mesa de um bar a definir critérios da Lei. Expus-lhe algum casos que poderíam suscitar dúvidas, tipo, mamas em contra-luz e um cortinado á frente, conta? mamas vistas de lado - alçado de mama - daqueles que o cachet não cobre os bicos, conta?
Foram muitas noites que nos garantiram umas quantas jolas a debater o assunto, mas o homem era vertical e acabava sempre - desculpa lá, um bom filme, para ser um bom filme, tem de ter mamas!
A ditadura no seu lado democrático.

L. Rodrigues said...

Desculpa lá amigo DC mas essa conversa é o que se chama uma p... de mamas.

Anonymous said...

Mas confessa lá l. rodrigues, um bom filme não tem que ter necessariamente mamas, mas tendo-as torna-o melhor. Acresce o facto de que o que está em discussão é poder inegável de tal instrumento de medida.