"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

31.5.07

Man!


Que o Manchester United é um grande clube, capaz de grandes feitos, ninguém duvidava. Pois se até ao Benfica já ganhou por mais que uma vez... Mas ontem conseguiu surpreender-nos a todos (ou quase) pela positiva.

Estou a imaginar a cena na alfândega, à chegada do par de compradores à velha Albion. "Anything to declare?", "Oh, yes, quite, as a matter of fact we do bring something from Portugal", "And what might that be, if you don't mind my asking?", "Anderson and Nani, I'm afraid", "Beg you pardon?", "Anderson and Nani", "Quite useful to fetch a nanny when you have another son, to be sure...".

Entretanto, por cá, toda a gente (ou quase) fica satisfeita, do Real Clube de Massamá ao tesoureiro do FCP, passando pelo congénere do SCP (neste caso, em perfeita sintonia com a maioria dos sócios e restantes adeptos), pela família e amigos do Nani e/ou do dinheiro do Nani, pela generalidade dos médios defensivos, trincos, centrais, laterais e outros que tais, que antevêem uma época ligeiramente mais tranquila...

Com um arranque destes, o mínimo que se pode esperar é que a corrida às contratações traga ainda mais alegrias ao povo. E ainda há por aí muito para levar: o Pepe, o Lucho, o Quaresma, o Veloso, o Moutinho, o Derlei, o Moretto... mercadoria é o que não falta, para todos os gostos e posições. Assim haja ingleses, americanos, russos, árabes ou chineses que comprem e levem.

Eu, por mim, declaro-me satisfeito.

28.5.07

De puto a velho em meia dúzia de páginas


Um puto. Um autêntico puto. Como chamar outra coisa a alguém que nasceu em 1976? Não vou dizer que podia ser meu filho, porque em 1975/76 a minha vida social ainda não tinha atingido esse patamar. Mas não seria biologicamente impossível.

Claro que podia chamar-lhe simplesmente João Pereira Coutinho, sem o puto (que, mesmo assim, não seria do pior que lhe têm chamado). Confesso que, apesar ou talvez por causa das diferenças (geracionais e ideológicas, por exemplo), nunca desgostei de o ler. Antes pelo contrário. Mas também não andava para aí doido a ler tudo e mais alguma coisa do puto, nem entrava em depressão se perdesse uma ou duas dezenas de colunas. Achava piada ao puto, pronto.

Mas confesso que não esperava lê-lo e sentir-me, subitamente, identificado com ele. Com o puto. Então não é que, lá pelo meio da Avenida Paulista (que a Sábado ofereceu, e que é uma colectânea de crónicas publicadas na Folha de São Paulo, ou seja, como prometido pela publicidade, inéditos para o leitor tuga como eu), o puto se revela um verdadeiro e profundo apreciador de P. G. Wodehouse, esse Mestre entre os mestres, que tantas vezes ajudou a iluminar os últimos estertores da minha adolescência e os primeiros e titubeantes passos na idade adulta (ou seja, até hoje)?



Agora, ainda a meio da Avenida Paulista, já me sinto a ler um livro do bom e velho Pereira Coutinho. Righty-ho e what not, João.

21.5.07

Há que dar os parabéns ao campeão

Já era expectável, mas houve que esperar mesmo pela última jornada para a confirmação. Agora não há outra hipótese que não seja aplicar os mais elementares princípios do fair-play:
Parabéns, Leixões.

18.5.07

Este já está



Isto da net em geral e dos blogues em particular e de uma pessoa aproveitar essas maravilhas dos nossos dias para dizer o que realmente quer, isso tudo tem que se lhe diga. Então não é que, pelos meus anos, alguém me ofereceu mesmo os Filhos de Húrin?

Quem, por esta altura, se achar demasiado fora de jogo, é favor descer um pouco por aí abaixo e ver, nem que seja de relance e na diagonal, um post anterior intitulado Ler ou não ler, comprar ou não comprar...

A história, não tendo mudado, não está nada mal cosida (1 ponto para Christopher). Deu-me até a ideia de estar um pouco aligeirada (não no sentido mais semântico mas no sentido mais literal, ou seja, contada em menos palavras e eventualmente num estilo um pouquinho mais upbeat e uptodate; o que, a ser verdade, retira o tal ponto já atribuído a Christopher, no meu entender, mas posssivelmente acrescenta-lhe mais 2 ou 3 pontos no entender de quem esteja a ler a história pela primeira vez e nunca a tenha visto mais au naturel).



O preço (versão em inglês, Harper Collins, capa dura, €24,75) também tem que se lhe diga. A mesmíssima coisa que eu tinha visto na Fnac (tradução, Europa-América, capa mole) custa agora 22 euros e picos. Pelos vistos, passei ao lado de uma pechincha, até porque aquilo era uma série numerada e tudo... Mas onde eu quero chegar é aqui: se a edição inglesa de capa dura chega cá a 2 euros mais que a local de capa mole, quanto mais será preciso roubarem-nos até que o povo se revolte e defenestre alguém ou deixe pura e simplesmente de reciclar embalagens, pagar impostos e fazer pisca-pisca (os tontos como eu, que fazem essas coisas)?

Quanto ao velho Túrin propriamente dito, foi com algum prazer que o reencontrei nas suas atribuladas e literalmente malditas vidas. Master of doom, by doom mastered. Não sei se, no vastíssimo universo Tolkieniano, não será o personagem com mais cognomes, heterónimos e nicknames. Para além do Turambar, que me estava bem agarrado aos neurónios, ele é o Adanedhel, ele é o Agarwaen, ele é o Bloodstained, ele é o Dread Helm, ele é o Gorthol, ele é o Neithan, ele é o Mormegil (o meu favorito pessoal), ele é o Wildman of the Woods, ele é o The Wronged, ele é o Bane of Glaurung, ele é o The Black Sword... (Não se aceitam reclamações de puristas a dizer que há aqui repetições do mesmo nome em línguas diferentes. Eu é que escrevo isto e faço como eu quero.) Claro que, em comparação, a desgraçada da irmã faz fraquíssima figura, com apenas o nome de nascença (Nienor) e um posteriormente adquirido (Níniel).

Eu, nem que seja a mim próprio, recomendo. Agora que se acabou vou continuar com something completely different que já andava a ler: o velho Rushdie, com o seu Shalimar the Clown. Do bom e do melhor.

13.5.07

A primeira Liga agradece


Leixões e Vitória de Guimarães, dois clubes com essa coisa rara que é terem adeptos próprios, que vão ver os jogos e tudo (mesmo quando aterram nos escalões secundários durante um ano ou durante dezoito), garantiram a subida à primeira. Matosinhos e Guimarães estão em festa a esta hora. E bem merecem.
A Liga, chame-se ela como se chamar para o ano, só tem a agradecer. Como cumpre sublinhar, o Olhanense contribuíu com a sua quota-parte para este belíssimo passo para a modalidade em Portugal, ao espetar 2 ao Rio Ave no José Arcanjo. A Vila da Restauração, com o tal dedinho de Álvaro Magalhães, fez o seu dever e cada golo rubro-negro foi festejado em Gondomar e em Moscavide (pelos adeptos do Vitória e do Leixões) como raras vezes se comemora seja o que for nos estádios da primeira Liga, por falta de quórum.
Três grandes clubes, dois dos quais de volta ao seu elemento natural cajuda do terceiro. É bonito, senhores, é bonito.

9.5.07

TROFENSE, 0 - OLHANENSE, 1



O "onze" comandado por Álvaro Magalhães garantiu a manutenção ao vencer no terreno de um adversário directo com quem ficará em vantagem em caso de empate pontual. Djalmir foi o autor do golo da vitória, a sete minutos do final, marcando o décimo primeiro da temporada na sua conta pessoal.

E assim se quebra um longo silêncio. E logo com boas notícias, quem diria. E começando mais que uma frase com o famigerado E. E tantas vezes que me disseram para evitar isto.

E por falar nisso: lembrei-me de um anúncio que anda ou andou recentemente aí pelos ares radiofónicos, que recorria justamente ao artifício da repetição da partícula E, para promover um e-service ou um e-mail ou um e-qualquer coisa. E a propósito desse, do qual só haveria a dizer bem, lembrei-me agora de um outro que grassa também nas ondas (nas da TSF, pelo menos) e que parte da equação do Einstein (essa, a do E=mc2), para chegar a uma nova fórmula: A=mt3, ou seja, A igual a m.t. ao cubo, o que depois, trocado por miúdos, dá A de Avis = milhas na Tap vezes 3. Vezes 3, note-se. Poderá não levar nenhum prémio em Cannes, mas uma equação em que o cubo passa a equivaler ao triplo não passará certamente despercebida ao pessoal do Nobel, ou das Olimpíadas da Matemática.

E prontos. Desinfelizmente, ou não, não me ocorre mais nada.