"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

12.2.07

É a vida

O que se passou nestes dois últimos dias foi apenas um fim-de-semana. O que se passou na Póvoa não foi o fim do mundo e o que se passou no referendo não foi o fim da vida.

A magia da Taça de Portugal mantém-se intacta, e isso é sempre bonito de se constatar (o próprio item que desaparece perante a multidão, no passe de mágica, tem de ter a humildade e o fair-play de reconhecer que a multidão quer ver é o desaparecimento, e não o item em si - seja ele um avião, uma partenaire semi-descascada ou um Sport Lisboa e Benfica). Aliás, tomando em conta os equipamentos, o escalão em que milita, a solidez com que defende, a qualidade do guarda-redes e o veneno com que ataca, com uma linha avançada 100% constituída por internacionais, ninguém me tira da cabeça que aquilo era a Juventus, e não o Varzim. Acresce a isto, como atenuante à derrota do Benfica, que o mesmo já tinha sucedido a outros grandes do futebol português, como o Olhanense e não só. Mais: não tendo o Benfica, manifestamente, equipa para três frentes, que se lixe a Taça, começando pela de Portugal.

Quanto ao referendo, ao contrário do que as turminhas do não defendem sempre que se fala nesta questão, não era a vida que estava em causa. Nem a dos embriões a que a pergunta se referia, nem a dos fetos que se lhes seguem no normal decurso de uma gestação saudável, nem a dos queriduchos e irresistíveis bebés fotografados ou filmados após meses de mimos e boa nutrição, nem sequer a Vida em geral. A questão era, muito simplesmente, o que fazer com as mulheres que por qualquer razão recorram (ou sejam suspeitas de recorrer) ao aborto. O fantástico e nunca antes visto número do 'Vota não para que depois sim', do 'Não votes sim porque senão', do 'Não, por acaso, assim, concretamente e tal e qual desta maneira, não pode ser, bastava ser um nadinha ao lado e já estávamos de acordo', esse número era de facto mirabolante mas... não resultou.

Uma vez mais, a tugolândia mostrou que não anda por aí no dia-a-dia a desperdiçar o seu bom senso, a sua capacidade de análise e o seu condão de fazer coisas adequadas às situações e susceptíveis de melhorar alguma coisa na sociedade. A tugolândia prefere manter o nonsense quotidiano e guardar essa sabedoria para os dias das eleições. Antes isso, é o que se me oferece dizer.

Claro que, no plano puramente pessoal, são duas derrotas para o Engenheiro Fernando Santos num só fim-de-semana. Mas é a vida. Nem mais, nem menos.

2 comments:

Nuno Miguel Guedes said...

E há a vitória da Briosa nesse derby retro-chic que foi o Atlético-Académica. Há coisas neste país que ainda funcionam, meu velho.

José, o Alfredo said...

Poucas coisas me dariam mais prazer que ir ver a Académica ao Jamor, old sport.