"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

31.1.07

Pérolas Vermelhas (II)

Para que os mais desinformados não fiquem a pensar que o Béria era um daqueles cães que ladram muito e mordem pouco, aqui fica um dos pontos altos do curriculum do animal: depois de mandar despachar o seu velho amigo Lakoba, Béria encarregou-se de torturar pessoalmente a família do defunto. Colocou uma cobra na cela da viúva, o que a levou à loucura, e espancou os filhos adolescentes até à morte.

Nada que não fosse o preconizado várias vezes pelo Mestre Zé (Estaline, entenda-se): "Mais vale uma cabeça inocente a menos do que hesitações na guerra". Ou: "A maior das delícias é marcar o nosso inimigo, preparar tudo, vingarmo-nos totalmente e em seguida ir dormir".

Esta última foi confidenciada a Kamenev, que algum tempo depois proferia em tribunal as suas últimas palavras: "Seja qual for a minha sentença, considero-a antecipadamente justa. Não olhem para trás (dirigindo-se aos filhos). Vão em frente. Sigam Estaline."


Quem também se explicava bem a este respeito era o antecessor de Béria aos comandos do NKVD (escusado será dizer que acabou às mãos de Béria e de Estaline), um anão disforme que dava pelo nome de Iezhov e que chegou ao ponto de especificar que tipo de arbustos deviam ser plantados para cobrir as valas comuns resultantes do seu empenho frenético na função:

"Se, durante esta operação, forem fuziladas mil pessoas a mais, não fará grande mal"; "Batam, destruam sem discriminação"; "Vai haver algumas vítimas inocentes nesta luta contra os agentes fascistas. Estamos a lançar uma ofensiva geral contra o Inimigo; que não haja ressentimentos se empurramos alguém com o cotovelo. Antes sofram dez inocentes do que um só espião consiga fugir. Quando cortamos lenha, as lascas voam".


Este Iezhov é o que aparece e desaparece da fotografia. A ambos os fenómenos (Iezhov e os truques dos photoshops da época) haveremos provavelmente de voltar em posts subsequentes.

2 comments:

Anonymous said...

Agora diz-me lá, não faria falta um Iezhov destes por cá? Há dias em que acho que sim..

José, o Alfredo said...

Não, caro/a anonymous. Desconcordo absolutamente. Vou mais pela teoria de Einstein: "The world is a dangerous place to live; not because of the people who are evil, but because of the people who don't do anything about it."