"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

1.1.07

Mais um ano e mais ou menos uns nomes


2007 começa inegavelmente melhor que 2006. À escala mundial, começa com dois reputadíssimos filhos de puta a menos: o já mencionado Pinochet e Saddam. Claro que, a propósito dos curricula de cada um e dos respectivos finais, muito haverá a dizer. Mas não é aqui. Aqui passa-se à frente, assinalando apenas a evidência aritmética: são dois filhos de puta a menos. Claro que o mundo não vai melhorar por isso, mas podem ser sinais de uma conjugação astral mais positiva.


À escala tuga, há também duas baixas a registar com alegria no activo deste início de ano: Sampaio e Souto Moura. Filhos de puta não seriam (talvez até lhes faltasse uma costelazita disso para desempenharem melhor os respectivos papéis), mas que o país assim tem mais umas hipóteses, lá isso tem. A República passa a ter um Presidente e um Procurador-Geral e, querendo, pode também interpretar estas abençoadas saídas como sinais astrais positivos.


A propósito de nomes (e sem querer emular as recentemente referidas listas de Saramago), aqui fica uma lista patusca de nomes. É um 'best of' das primeiras páginas de um livro sobre um outro patusco de primeira: Estaline, nem mais nem menos. O livro (bastamente divulgado em tudo o que é jornal, revista ou programa de TV) é da autoria de um Simon Sebag Montefiore e tem como subtítulo A Corte do Czar Vermelho. Um pouco à maneira do que geralmente acontece na dramaturgia, antes de se ir à acção apresentam-se os cromos. Passada a indispensável introdução e os sempre educados agradecimentos, vêm As Personagens, subclassificadas em Família, Aliados, Generais, Inimigos e Ex-Aliados e "Engenheiros da Alma Humana" (sic). Aqui ficam alguns com nomes bem engraçados (para não serem sempre aquelas listas dos brasileiros). Quando não é o nome, há o pseudónimo, o nom de guerre (como o do próprio Estaline, que nasceu Iosebo Djugachvili, como toda a gente sabe) ou a simples alcunha.


Ora então cá vai, por ordem de entrada em cena: O Tio Lara (alcunha de Lavrenti Béria, chefe da secreta e responsável pela bomba nuclear), O Canalizador (Nikolai Bulganine, presidente da câmara de Moscovo e putativo herdeiro do Zé dos Bigodes), O Amora (Nikolai Iezhov, também conhecido como Kolya e também chefe do NKVD), Lazar Kaganovitch (isto era o nome real, as alcunhas eram O Lazar de Ferro e A Locomotiva), O Demónio Sombrio ou Tubarão (neste caso o nome no B.I. e no cartão do Partido era Lev Mekhlis), Akaki Mgeladze (fosse por dificuldade em pronunciar o nome deste tipo, fosse por o tipo ser abcaziano, ou simplesmente por ser mauzinho, Estaline chamava-lhe O Lobo), Viatcheslav Molotov (um homem com nome de pudim e de cocktail/arma de destruição-não-maciça poderia bem contentar-se com isso, mas não; Molotov era comummente chamado, pelo círculo mais chegado, O Cu-de-Pedra; sempre rigoroso, Molotov insistia que a alcunha correcta, que lhe tinha sido dada pelo próprio Lenine, era Cu-de-Ferro), O Cu de Estaline (este Cu agora é outro, é um Grigori Ordzhonikidze), Bronka Metalikova Poskrebicheva (de nome, não de alcunha).

Bom Ano a todos é o que se deseja (a todos vós, desinfelizes leitores, e não a todos os anormais acima mencionados, obviamente).

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