"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

15.7.07

Continuo a adorar as frases dos outros

"Tinha uma sinceridade para cada momento."

Esta é do velho O'Neil. Calha que era sobre o Vinicius de Moraes, mas também se aplicava bem ao próprio Alex.

Entre muitíssimas pérolas de rara beleza, a biografia literária do O'Neil (por Maria Antónia Oliveira)
deu-me a reconhecer que

As escarretas que saem das tabernas
não voltam a entrar.
Ou ficam nas bermas
ou em quem vai a passar.


Lindo. E verídico. Quando a verdade a impregna, a poesia agiganta-se.

6 comments:

L. Rodrigues said...

Impregna é a palavra certa.

Anonymous said...

Estava eu de volta de Fernando Pessoa, que é sempre um prazer reler, quando, sei lá porque carga de água, talvez na esperança que o Desinfeliz houvesse perdido o juízo e tivesse voltado de férias, nos atiras com a lógica imperturbável do velho O'Neill. Ora aqui vai outra de uma simplicidade atroz e lógica inquestionável. De Fernando Pessoa.

Levava um jarrinho
para ir buscar vinho.
Levava um tostão
para comprar pão
e levava uma fita
para ir bonita.

Correu atrás
De mim um rapaz:
Foi o jarro para o chão.
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!

Se eu não levasse um jarrinho
nem fosse buscar vinho
nem trouxesse a fita
para ir bonita
nem corresse atrás
de mim um rapaz
para ver o que eu fazia
nada disto acontecia.

José, o Alfredo said...

Nunca tinha pensado nisso, mas impregnar é certamente uma palavra cognata de emprenhar... Sem ser grávido, é interessante. Especialmente para quem se interesse por esse tipo de coisa, claro.

L. Rodrigues said...

Já dizia o meu amigo Villalobos:
Quem não preserva a lingua,
acorda ortográvido.

Anonymous said...

Agora fizeste-me rir, Sr. Luís...

Anonymous said...

josé, o alfredo, habituaste-nos às frases dos outros, que eu, em particular, fiquei fã. E então...?