"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

17.8.06

Das profundas das gavetas para a veia poética

Mais para a veia do que para a poética, mas cá vai. Nem que seja para o Desinfeliz não se desactivar completamente. Isto é coisa para ter alguns oito ou dez anos (como se isto desculpasse fosse o que fosse). Se não quer perder o seu tempo com futilidades fuja para o amigo Designorado, por exemplo. Se vai continuar, console-se com a ideia de que a versalhada é curta. E não esqueça que, haja o que houver, audaces fortuna juvat.


Ainda nem bem haviam entrado,
já todos lá dentro se haviam calado.
Tal era o respeito por eles imposto
que alguns dos coitados taparam o rosto,
e quando das armas eles sacaram
alguns dois ou três até se cagaram.

Fez-se um silêncio, pesado mas breve,
pois não tardou a chegar o Mão-Leve,
deles amigo e fiel companheiro,
de todos sem dúvida o mais certeiro.
A mão ao coldre mui lesto levou
e eis o que de pronto falou:

"Isto é um assalto (não sei se repito
o que meus amigos já teriam dito).
Tarde cheguei, desculpem confrades,
e dêem cá tudo, vocês, seus cobardes".
Dizer quase escusado será
que aquela colheita foi um maná:

Relógios, dinheiro, botas, chapéus,
e até umas ceroulas, valha-me Deus.
Mão-Leve e os outros tudo levaram
(a conta, claro, não a pagaram).
E rumo a oeste lá vão cavalgando
Enquanto lá dentro se ficam borrando.

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