"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

7.6.08

Wanted (Dead or Alike)


A pouquíssimos dias do 10 de Junho e do costumeiro bodo de condecorações, talvez alguém ainda vá a tempo de se candidatar a uma, prestando o supremo serviço à pátria: eliminar o grande (único?) grande obstáculo no caminho da selecção nacional nas alpinas alturas.

Contra tudo o que se podia esperar, Portugal jogou bem. Colectivamente, como há muito tempo não se via, e individualmente também.

Nuno Gomes e Petit não enjeitaram a oportunidade para mostrar a Quique Flores que afinal havia algum exagero nas respectivas certidões de óbito.

Simão e Bosingwa estiveram muito próximos do seu nível. Deco aproximou-se o suficiente.

Moutinho, sabendo que Rui Costa e Quique Flores andam desesperadamente à procura de alguém que não se chame Susana e saiba andar com um número 10 nas costas, deu nas vistas (que bem que lhe fica a camisola encarnada... e o pormenor no segundo golo também não lhe saíu nada mal).

Paulo Ferreira fez o máximo que está ao seu alcance, que é não se dar por ele.

Ricardo Carvalho idem, mas no bom sentido.

Pepe conseguiu algo raríssimo num central: um hat-trick dos de letra, com os três tentos de seguida (hino nacional, golo de cabeça — anulado por ser o único da trilogia que é banal num central naturalizado — e arrancada imparável culminada com tabela com Nuno Gomes e golo que pelos vistos não havia outra maneira de entrar).

Ricardo só comprometeu duas vezes e teve a decência de não se lesionar logo no jogo em que o Quim não estava no banco e o Rui Patrício estava no banco.

O próprio Ronaldo teve três ou quatro momentos em que deu a nítida sensação de estar em campo e mostrou que tem uma enorme margem de progressão dentro e fora dos relvados.

O Meira cumpriu quase 90 segundos e não esbarrou em nenhum colega de equipa nem provocou nenhum penálti, feito notável se se atender à densidade populacional vigente no meio-campo português nessa altura.

Não fossem Nani e Meireles, e podíamos dizer que, jogador a jogador, todos estiveram bem. O problema é que Nani não marcou mas é inegável que esteve bem e Meireles, sem ter estado lá, marcou. Pior era impossível. A esta hora a Santinha do Caravaggio está a esfregar as mãozinhas de contente, se é que é isso que as santinhas fazem quando ficam contentes.

Obviamente, a solução não é matar ou inutilizar Nani e Raul Meireles. A culpa, como sempre, é do vinicultor. Do gatuno que nos espoliou o troféu em 2004. Do Perfeito Anormal. Do inominável. Do cretinápula. Do defensor dos atletas. Do agressor (falhado) de Dragutinovic. Esse.

Tirar Cristiano Ronaldo das alas e metê-lo no meio era a única coisa a fazer, à excepção de o meter no banco. Mas tirar o Nuno Gomes, no único jogo da época em que o homem só estava a comprometer as hipóteses do adversário? Meireles sim, com certeza, mas talvez mais cedo e para o lugar do Petit, que deu a época inteira na primeira parte e ao intervalo já não conseguiu sair do balneário. Meter alguém, nem que fosse o Meira, para queimar tempo, é admissível. Mas para o lugar do Petit, que por essa altura ainda não tinha voltado do balneário. O senhor das barbas da Quadratura do Círculo deve ser o único português que não ficou a sofrer desalmadamente nos últimos 15 ou 20 minutos, mas até esse, se tivesse visto, percebia que não havia necessidade de convidar os turcos a treinarem na área do Ricardo a entrada na União Europeia.

Pior, para efeitos da manutenção do mito do único treinador capaz de me fazer acreditar que há pior e mais bem pago que o Camacho, só se o Meira ainda tivesse marcado o terceiro, possivelmente num alívio de bicicleta a emendar uma Ricardada.

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3 comments:

Anonymous said...

... que bem que lhe fica a camisola encarnada... olha este a fezer-se ao piso... Tu deves ser do Benfica, não ó José?

Anonymous said...

... a fazer-se ao piso é que é. :)

José, o Alfredo said...

Acho que o moço devia ir por partes. Antes de dar o salto para um Barcelona ou coisa que o valha, fazia-lhe bem ter a experiência de jogar num grande em Portugal.