Dois artistas, Josyane Vanounou e Dov Or-Ner, decidiram expor numa galeria em Haifa seis reproduções de pinturas de Adolf Hitler (tudo naturezas mortas, nomeadamente florzinhas, dos tempos de vagabundagem em Viena).
Como seria de esperar, tem havido reacções fortes à iniciativa. De um lado, os que acham a iniciativa de muito mau gosto, afrontosa da memória e da dignidade do povo judeu. Do outro, os defensores da absoluta liberdade artística.
No meio, Dov Or-Ner, um dos reprodutores e expositores, ele próprio sobrevivente do Holocausto em criança e cujos pais morreram em Auschwitz, que se sente no direito moral de abordar o assunto como bem entender, e Yaacov Chefetz, o curador da exposição: "Primeiro, senti-me muito desconfortável com a ideia de expor obras de Hitler. Mas depois disse a mim mesmo: espera lá, talvez a mostra deste kitsch estúpido possa servir para sublinhar ainda mais a natureza monstruosa daquela pessoa. Estas obras fascinam-me da mesma maneira que um livro sobre Hitler me fascinaria".
Se fosse obrigado a comentar o assunto, o Desinfeliz diria, muito simplesmente:
Ars longa, vita brevis, occasio praeceps, experimentum periculosum, iudicium difficile.
"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália
6.6.08
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2 comments:
life is short indeed .. já o mesmo não se passa com a memória de alguns. :)
Acompanhei todos os episódios Caro José, percebi a fabulosa ironia de tudo o escreveu, mas .. e há sempre um mas, dificil este tema por aqui.
Bom fim de semana
Os mas são hoje o que eram os chapéus noutros tempos (muitos, portanto). Confesso que fico muito curioso para saber qual é o seu, mas dá-me ideia que vou ficar a tentar adivinhar...
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