"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália
31.10.08
A facilidade matou o Rabin
Este moço (o do meio, o que não está fardado) é Yigal Amir, o extremista (de direita) que matou o primeiro-ministro Isaac Rabin (em 1995, se bem se lembram). Está preso, que é o que acontece a certas pessoas em certos países quando são apanhadas depois de terem feito certas coisas... mas não é isso que interessa agora. O que interessa é que está preso.
Estando preso, o jovem Amir deu uma entrevista via telefone a dois canais de televisão israelitas, na qual explica de onde lhe veio a ideia de matar Rabin. E a história é tão só uma variante da celebérrima ocasião que faz o ladrão.
Amir conta que foi a um casamento onde se encontrava também Rabin. Não pôde evitar reparar que o primeiro-ministro se fazia acompanhar de um único guarda-costas. "Se lhe apertasse a mão podia facilmente dar-lhe um tiro, se quisesse. Eu tinha uma arma comigo. Vi que era tão fácil e disse a mim próprio que passados uns anos me ia arrepender de não o ter matado".
Esta terá sido, então, a inspiração para o acto que veio a cometer pouco tempo depois. Se é tão fácil, por que não? Quanto às motivações mais profundas, os por que sins: à pergunta sobre quem o influenciou na decisão de assassinar Rabin, Amir responde "todos os que entendem as coisas militares. Todos os peritos militares disseram que os Acordos de Oslo foram um desastre". E pronto. Está explicado.
Entre os muitos que se mostraram chocados com a entrevista (a família de Rabin, por exemplo) encontram-se os Serviços Prisionais de Israel. É que Amir não tinha autorização para dar entrevista nenhuma. Ao contrário do que se passava há uns tempos, as chamadas de Amir não estavam a ser 'monitorizadas' (escutadas, portanto) e a entrevista surpreendeu fortemente os responsáveis dos ditos serviços.
Para além da facilidade no uso da pistola, Amir demonstra também ser exímio no manejo do telefone. No passado mês de Agosto, utilizou o telefone da prisão (o mais fixo dos fixos, diria eu) para dirigir ameaças a um vizinho da Sra Amir, no contexto de um desentendimento sobre canos furados.
Quem também se encontra aos cuidados dos referidos serviços prisionais é Hagai Amir, irmão de Yigal. Menos eficaz que Yigal, talvez mais dado às coisas do espírito, Hagai está dentro por mera conspiração para cometer assassínio. E consta que foi levado a sério quando confidenciou a alguns guardas que lhe bastava fazer uma chamada para mandar o primeiro-ministro pelos ares.
Nessa altura, Hagai perdeu aquilo a que se chama os privilégios de telefone. Agora, a mesma medida foi aplicada a Yigal. Um dos canais já anunciou que não vai transmitir a programada segunda parte da entrevista, enquanto o outro mantém a intenção de a divulgar.
Moral da história? Convenhamos que não há.
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1 comment:
De facto não há. Já ensinamentos...
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