"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

9.9.08

Corsaro mio




Por acasos que não vêm ao caso, reacenderam-se na minha memória os ecos das aventuras de Emilio Salgari. Daí partilhar com vós outros este texto de Paulo Varela Gomes.

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Claro que, entre as minhas memórias e as de Paulo Varela Gomes, há pequenas diferenças de pormenor. Eu comprava-os e posso assegurar que custavam 8$00. 15 mil réis seria um absurdo, uma extravagância, quase uma bicicleta.

Mas, ínfimos detalhes à parte, soube-me tão bem ler estas memórias como me sabia, na altura, chegar a casa com um novo Salgari, acabadinho de sair das penumbras da própria Romano Torres, na Rua Nova de São Mamede, ali à Escola Politécnica, rasgar-lhe as folhas que ainda vinham por abrir (nem sempre com um corta-papel, nem sempre com muito cuidado, que a ânsia era muita e os oito paus desinibiam bastante), e pespegar-me a lê-lo numa postura que não faço ideia onde fui arranjar mas que pratiquei durante bastante tempo e era assim: o livro no chão da sala, aos pés daquilo a que na altura chamávamos um maple, eu também no chão, de joelhos, com a cabeça apoiada no assento do dito maple. Também era nesta figura que me punha para ler outras coisas, evidentemente, mas poucas com tanta voracidade como o Corsário Negro e os irmãos Verde e Vermelho, e a filha, a Iolanda de Vintemilhas, e o Carmaux e o Van Stiller, e o Morgan e o Pedro, o Picardo, e Maracaíbo e as selvas e as tascas e aquilo tudo que este texto veio desassossegar.

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8 comments:

CPrice said...

bonita memória esta (claro que à parte da postura, mas pronto ..) que na minha está povoada com Condessa de Ségur e Gémeas em Colégios de Santa Clara .. ;)

José, o Alfredo said...

Eu à Condessa lá fui escapando, mas também privei com as gémeas e andei num outro colégio do género (não era as Duas Torres?). Tornei-me um adepto quase fanático do lacrosse e de patuscadas a meio da noite, mas infelizmente a primeira modalidade tem muito pouca adesão entre nós.

José, o Alfredo said...
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L. Rodrigues said...

Era o Colégio das Quatro Torres. Agora... um tinha umas gémeas, outro uma protagonista chamada, se não estou em erro, Diana.
Lembro-me particularmente de uma descrição desta a descer as escadas de casa, quatro a quatro degraus. Fiquei a pensar "que grandes pernas devem ter as inglesas..."

José, o Alfredo said...

As Quatro Torres, claro. Isto das duas já devem ser influências mais recentes, nomeadamente tolkienescas.

José, o Alfredo said...
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ana v. said...

Eu devo ser a excepção à regra, porque a minha adolescência (tal como a dos rapazes da minha idade) foi povoada de muitas e muitas histórias de Emílio Salgari. De todas, as que mais gostava era as que falavam dos maléficos Tughes e da sua cultura bárbara (!!), e muitos anos depois descobri esse mesmo ambiente no segundo filme de Indiana Jones. Adorei relembrar tudo aquilo, claro.

José, o Alfredo said...

Esses tughes (que para mim vinham logo a seguir à rapaziada das Tartarugas) não eram o factor que abrilhantava as histórias do Sandokan?