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D. Jorge Ortiga, que surpreendeu todos os analistas e corretores de apostas ao ser reeleito para novo mandato como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, diz que o Estado português não pode ser militantemente ateu.
Claro que um prelado, ainda para mais bispo e presidente reeleito da Conferência Episcopal, tem todo o direito, para já não dizer o dever, de viver num mundo outro, de prestar mais atenção às coisas do céu do que às de cá da terra. Mas se é com o Estado português que D. Jorge vai ter de gramar para ter a Concordata devidamente regulamentada, talvez não fosse mau que D. Jorge conhecesse o bicho que tem pela frente.
Se a cidade de Havana, disposta a dar a uma praça na zona histórica o nome de Camões, espera por um busto do poeta prometido há nove anos pelo Instituto Camões; se o meu sogro esperou trinta e pico anos para ter a estação de metro que estava prometida quando comprou a sua casa no Lumiar; se os julgamentos que restam do Apito Dourado ainda mal começaram e do da Casa Pia já ninguém sequer se lembra; se ainda há indemnizações e pagamentos por conta da Reforma Agrária; se os pais do miúdo que morreu electrocutado por um semáforo esperaram anos e anos a fio que o Estado português lhes dissesse que tivessem paciência; se a Joana e a Maddie não aparecem...
Se isto tudo é assim, quando não é pior, por que cargas de água é que o Estado português havia de se despachar a tratar da Concordata? D. Jorge Ortiga engana-se. O Estado português não é ateu, é zen.
3 comments:
meditação contemplativa com o objectivo de nos levar à experiência directa da realidade?
Não me parece.
Solipsista? talvez.
:)
O Estado Português é mas é ZON... ;)
Mais concretamente twilight zon...
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