"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália
10.12.08
Publicidade desenganosa
Primeiro foi o Banco Best, com a conta McCain/Obama. Agora é o Finibanco, com o Depósito a Prazo Vencedores da Liga Sagres 2008. Taxa de juro até 11% para quem acerte nos quatro primeiros classificados (creio que por ordem, senão a coisa perde a emoção). A publicidade avança com uma paráfrase de João Pinto (o Primeiro): Prognósticos, só no Finibanco.
Não sei se as casas de apostas estabelecidas já apresentaram algum protesto por esta concorrência desleal, não sei se o Constâncio, no meio dos seus novos afazeres com o Banco Privado e com as comissões de inquérito, terá tempo para dar alguma atenção a estas trivialidades, não sei sequer se mais alguém está para se ralar com mais esta naifada na imagem e no conteúdo da desejável credibilidade da banca, mas a mim estas coisas preocupam-me. Sou assim.
E mais: o Finibanco aceitará apostas (perdão, depósitos) de pessoas cuja actuação pode ter efeitos directos na classificação da Liga Sagres 2008? Por exemplo: se o Bruno Paixão, o Pedro Proença, o Lucílio Baptista e o Olegário Benquerença chegarem a um balcão do Finibanco e disserem que querem abrir uma conta conjunta, o bancário de serviço limita-se a abrir a dita conta ou liga discretamente para a Maria José Morgado e para o 24 Horas? Se o Hermínio Loureiro constituir o seu depósito, será possível eu saber em quem é que ele apostou? Não é para copiar, é só para saber. E se o Leixões for campeão e o Febolquelupârto ficar em quinto ou pior, haverá uma taxa extra de 42%?
Aqui há uns tempos, o Finibanco assinava a sua comunicação publicitária não com uma frase, como alguns bancos menos ambiciosos, mas com duas: Em privado, porque você é único. Não sei se a assinatura se mantém, mas tudo me leva a crer que os apostadores (perdão, os depositantes) podem contar com uma boa dose de sigilo nos seus prognósticos. O que é pena, porque seria uma excelente oportunidade para saber, ao certo, se os adeptos do Zbordn apostam maioritariamente as suas poupanças no Zbordn ou no Febolquelupârto.
Outro caso de publicidade desenganosa (no sentido de ainda mais transparente do que se poderia exigir) é o dos cartazes do Bloco de Esquerda que dizem assim: O Governo ajuda os banqueiros. E quem ajuda as pessoas?. Calculo o que seria o chinfrim se uma coligação PNR/Manuela Ferreira Leite pespegasse no Marquês de Pombal o seguinte: O Governo dá emprego aos ucranianos e aos cabo-verdianos. E quem dá emprego às pessoas?
O meu prognóstico é que o Bloco de Esquerda, como sempre, ficará isento de responsabilidades pelos seus actos e, mesmo sem chegar aos 11%, terá um excelente resultado quando o povo depositar os votos. Pelo seu lado, o Finibanco pode bem ser um dos próximos temas do Expresso da Meia Noite ou do Prós e Contras, mas por via da massa que o Estado lá venha a meter, e não pelos níveis de criatividade nos terrenos do marketing e da publicidade.
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