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(...)
Já nos bancos de pinho se sentavam
Duma Justitae Domus, aguardando
Os que, de preta capa, discursavam
E os que proclamam: "Quero, posso e mando!"
Destes, os dois arguidos esperavam
Que em paz os dispersassem, perdoando
As faltas, que traziam perpretadas:
Que justamente não fossem julgadas.
Quem defende Valério, valoroso
Jurista, da lei justa defendente,
De seu nome Nabais, é bem famoso,
Na TV convidado frequente.
P'la parte de Rogério, o belicoso
Garcia, que é Pereira, e não consente
À sua contrária parte algum desplante,
Nem amigo é da Festa do Avante.
O meirinho, em voz alta, o julgamento
Declara, voz solene, começado.
Do Garcia o esperado atrevimento
Não tarda a incomodar o magistrado:
"No meu Juízo não tem cabimento
Falar assim, mais vale estar calado!"
Mas de pronto Pereira lhe responde:
"Não temo Rei, nem Duque, nem Visconde,
Quanto mais um juiz baixo, franzino,
Quanto mais com sotaque açoriano!"
Não custa adivinhar qual o destino
Deste caso, não haja desengano;
O juiz, com seu quê de sibilino,
Sentencia: naquele mano-a-mano,
Declara que é Rogério o meliante —
Só por ser do Garcia o "queliante"!
(...)
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