"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

22.7.08

O verdadeiro menino de ouro


Esqueçam os exageros socráticos, por pacóvios, descabidos, pindéricos, demagógicos e, fundamentalmente, irrelevantes. O menino de ouro era e será sempre o João Pinto. Ponto.

Da minha parte, impõem-se um enorme obrigado e humildes desculpas.

Obrigado pelos 6-3, obrigado pelos 4-4, obrigado por aqueles anos todos a levar-nos às costas só com o Preud'homme lá atrás. Sem resultados práticos do género mais apetecido, é certo (canecos, portanto). Mas que diabo, aquilo é suposto ser 11 contra 11, 9 contra 14 ainda vai (já contando com um coxo e um expulso do nosso lado e com o pessoal do apito e das bandeirolas do lado de lá, como tantas vezes acontece), e não um senhor belga e um menino, mesmo que de ouro, contra mundi. Felizmente, ao contrário do senhor belga, o menino não se retira hoje sem um campeonato ganho pelo Benfica.

Desculpas pela escassez de títulos (nós, os lampiões de sempre, achamos que temos de sobra, mas estes excepcionais lampiões de ocasião mereciam mais) e, acima de tudo, por aquele episódio tristíssimo das desculpas no fim do percalço em Vigo. Os 7 custaram, obviamente. Foram humilhantes. Foi, há que reconhecê-lo, uma grandessíssima merda. Mas, não fora a cena das desculpas, iria parar à gaveta do "Aconteceu futebol", ou à do "Foi uma noite para esquecer", ou à do "Foda-se". Da maneira que foi, e com a pessoa que foi escolhida para a cena, a humilhação passou a raiva e o caso ficará para sempre na gaveta do "Desculpa, João Vieira Pinto" ou do "A noite em que o Benfica não existiu".

Nos últimos tempos, se tal ainda fosse necessário, ficou bem patente em várias entrevistas e participações nos chamados painéis que o João Pinto, para além do grande jogador que sempre foi, arranjou também maneira de se fazer um grande homem. Gosto de pensar que o Benfica ajudou nos dois aspectos.

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13.7.08

Boas e más notícias


As boas: o Desinfeliz já foi de férias. Para os mais abelhudos: está neste momento em Porto Santo.

As más: nos tempos que correm, como se vê, até em Porto Santo uma pessoa se mete pela internet adentro com uma facilidade que chega a parecer quase obscena. Ou seja: o facto de o Desinfeliz estar de férias não garante que o Desinfeliz não venha para aqui com coisas. Não é provável mas é possível.

Para além de internet, o que se apanha em Porto Santo é o Jorge Gabriel. Mais um sinal de que os tempos vão de mal a pior. Há onze anos, da primeira vez que veio a Porto Santo, o Desinfeliz coabitou com o Manoel de Oliveira. Mais recentemente, não aqui mas em São Miguel, foi o Durão Barroso. Agora é isto. Ao menos podia sair a Sónia Araújo, mas não. Claro que também podia ser pior. O Goucha, por exemplo.

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3.7.08

Yes we McCann (Tuguíadas II, 13/14)



Vieram de Inglaterra os afamados

Canídeos, grandes craques do momento,
Peritos em cheirar os já finados,
Ao refundido dão descobrimento;
Dois spaniels, quem diria, recrutados
Pelo jeito que dão no seguimento
Das pistas de quem foge e anda a monte,
E mais de quem morreu já anteonte.

Viu-se pelo caminho saneado
Um inspector Gonçalo, por castigo;
Sem se saber porquê, foi afastado
No meio do dever; levou consigo
O muito, pouco ou nada que apurado
Teria — que o poder não foi amigo:
Afastou do processo quem sabia
E aos bifes deu razão p’ra zombaria.

(...)

2.7.08

Aqui nada se prescreve, tudo se escreve (Tuguíadas II, 11/12)



Será que a moça Maddie foi raptada

Por algum meliante de tez escura?
Ou será que uma dose reforçada

Lhe deu a mãe de droga, porventura?
Para não se perder a jantarada,
Perde-se a Madeleine! Que loucura!
Mas entre as coisas raras que se ouviram
Nada de relevante descobriram.





Sabem agora os bifes que os arguidos,
Na terra onde o McCann de férias ‘tava,
Bem mais do que suspeitos, protegidos
Ficam p’la mesma lei que os acusava.
O povo, que os trazia por feridos,
Às tantas desconfia: assobiava
A Kate, por não ter por costumeiro
Que se perca da filha o paradeiro.

(...)

1.7.08

Silly season, silly me (Tuguíadas, anyone? II, 7/10)


E quando é que veremos condenados
Aqueles que, por feitos tenebrosos,
Se vão fazendo sempre tão falados?
Mil casos, mui diversos, copiosos,
Os quais as mais das vezes arquivados
Acabam, em processos pantanosos;
Equidade e justiça só desejam
Os Tugas, que entretanto já bocejam.

Se acaso vais à disco Sarabanda
E a noite, que tão calma se mostrava,
Acaba c’um qualquer de cara à banda,
Se alguém dá noutro alguém com uma clava,
A bófia vem mostrar quem é que manda
E quem não for a tempo já não cava:
Assim, com os pequenos são temidos,
C’os grandes ficam sempre adormecidos.

Deu-se o caso, que todos relataram,
Dos MacCanns que de filhos três traziam,
E enquanto c’os amigos se ajuntaram,
Comeram e beberam como queriam,
Até que finalmente repararam
Que as coisas afinal mui mal corriam,
Pois a pequena Maddie já não veio
Levada, dizem eles, pelo meio.

Terá sido descuido ou por maldade?
Procurou-se um raptor desconhecido,
Tomando cegamente por verdade
O que podia ser mui bem fingido,
Sem admitir que muita alarvidade
Vem de quem nos parece mais querido.
No alheio a culpa se buscava
Que no materno seio se encontrava?

(...)