"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

30.5.08

Autópsia de uma blogonovela

Acabou-se a blogonovela (para alívio de uma grande parte da pequena parte da humanidade que frequenta – ou frequentava – o Desinfeliz).

Para além dos motivos que referi a anteceder o primeiro episódio, esta história interessa-me desde logo porque faz parte da História, que é uma coisa que me interessa. Depois porque se enquadra num período histórico que me interessa especialmente. Vejo agora que isso tem a ver com o período em si, certamente, mas também, e não pouco, com a circunstância de eu ter crescido na época em que cresci. Quando eu era miúdo, os filmes de guerra eram um dos géneros mais abundantes, tanto nos cinemas como na televisão, e uma grande parte (a minha preferida) tinha como cenário a II Guerra Mundial. Havia os bonequinhos e os aviões da Airfix, claro, que a maior parte dos miúdos tentava coleccionar, até porque não havia assim tanta alternativa. A ficção científica andava muito pelo papel mas muito pouco pelos écrans e menos ainda nas duas lojas de brinquedos do país. O resto (para a canalha) era westerns, tarzans, músicas no coração, brancas de neve, chitty chitty bang bangs, herbies, louis de funés e ponto.

No caso concreto da minha casa, havia também uma quantidade enorme de livros sobre muitas coisas, uma das quais a II Guerra Mundial. À medida que me fui interessando pelo assunto, só tinha que ir ao escritório ou ao corredor, subir a um banquito, estender a pata e sacar mais um. Era fácil e isso ajuda muito, especialmente quando se trata de gente preguiçosa como eu. À medida que me fui interessando ainda mais e me fui habituando a ler em inglês, as possibilidades de escolha aumentaram exponencialmente (aliás, o processo foi biunívoco; um dos mais subestimados efeitos secundários da ascensão e queda de Hitler foi o melhoramento do meu inglês).

Não incluo nenhum desses livros na bibliografia porque a maior parte não deve ser fácil de encontrar nas livrarias e porque não me apeteceria nada emprestá-los, caso houvesse alguém interessado – o que, felizmente, não acontecerá. Aliás, nem incluo bibliografia propriamente dita. Só linkaria, que foi o que me deu mais jeito na produção da blogonovela. Claro que há um livro que recomendo, como toda a gente, a quem se queira começar a interessar: The Rise and Fall of the Third Reich, de William L. Shirer (creio que em português é tal qual, Ascensão e Queda do Terceiro Reich). O exemplar que era do meu pai e que eu herdei já se está a desintegrar, por isso mesmo que quisesse não o podia emprestar a ninguém...

Quanto à linkaria, incluí a wikipedia por duas razões, que acabam por se resumir numa só: porque a utilizei e porque acho que, para determinados assuntos sobre os quais já se parte razoavelmente informado, a versão inglesa é bastante fiável (se assim não fosse, não a teria utilizado, penso eu de que).

Medindo o sucesso da blogonovela pelo feedback, fiquei a saber que o Desinfeliz tem um leitor incondicional – o que, para mim, é imenso. Obrigado, mike. Aos restantes peço desculpa pela monotemática destes dias mas, como qualquer futebolista diria, a blogosfera é assim mesmo.

Segue-se um breve post mortem, ou uma ligeiríssima sessão de metablogonovela, como lhe queiramos chamar.

- - -

É curioso verificar como o princípio da liderança, o Führerprinzip, o “eu faço o que mandam”, por um lado serve para justificar tudo, tornando-se sinónimo de “eu faço tudo o que me mandam”, como também admite as suas excepções: quando Himmler vê que a vitória aliada é inevitável e ordena que se páre com a matança, Eichmann avalia a ordem, considera que ela não faz sentido e, sejam quais foram as consequências, recusa-se a cumpri-la; quando Hitler decreta que ninguém está acima das trincheiras, Eichmann faz-se de novas e continua no gabinete, sempre a providenciar para que a matança seja o mais eficaz possível.

É o mesmo zelo burocrático que todos conhecemos no nosso pacífico e inócuo dia-a-dia: nada é suficientemente arrevezado para ser impossível, nada é suficientemente simples para ser possível, nada na realidade se faz, para o bem ou para o mal, se o burocrata não estiver para aí virado.

- - -

Em Fevereiro de 2005 a Mossad reconheceu oficialmente o seu “envolvimento” na captura/rapto de Eichmann, em resposta a um artigo publicado no jornal israelita Ma'ariv.

- - -

A questão crítica da vida, julgamento e morte de Eichmann, a mais debatida internacionalmente logo após a sua captura e especialmente a propósito da sua execução, é a do seu grau de responsabilidade na implementação do Holocausto.

Alguns argumentam que Eichmann sabia exactamente o que estava a fazer, enquanto outros afirmam que ele foi julgado injustamente e que só estava a cumprir o seu dever como soldado. Rudolph, o filho de Eichmann, condenou as acções do pai e disse que não guardava ressentimento a Israel pela sua execução. O próprio Eichmann tinha declarado que se juntou às SS não por concordar ou não com os seus propósitos, mas porque precisava de fazer uma carreira.

Uma terceira perspectiva de análise veio de Hannah Arendt, uma judia que fugiu da Alemanha antes da subida de Hitler ao poder, e que fez a cobertura do julgamento de Eichmann para o The New Yorker. Em “Eichmann em Jerusalém”, um livro que reúne o material dessa cobertura, Arendt conclui que, além do desejo de progredir nessa carreira, Eichmann não mostrava traços de uma personalidade anti-semítica ou quaisquer desvios psicológicos ou de carácter. Chama-lhe a encarnação da “Banalidade do Mal”, na medida em que no seu julgamento aparentou ter uma personalidade normal e comum, não manifestando culpa nem ódio. Sugere que isso descredibiliza a ideia de que os criminosos nazis eram manifestamente psicopatas e diferentes das pessoas normais.

Stanley Milgram, que interpretou o trabalho de Arendt como prova de que mesmo as pessoas mais normais podem cometer crimes horrendos se se encontrarem nas situações propícias e se lhes forem dados os incentivos adequados, escreveu: “Tenho de concluir que a concepção de Arendt da banalidade do mal se aproxima mais da verdade do que poderíamos imaginar”. Arendt, no entanto, não sugere que Eichmann era normal ou que qualquer pessoa que se encontrasse na sua posição tivesse agido como ele o fez. De acordo com o seu relato, Adolf Eichmann tinha abdicado da sua vontade de fazer escolhas morais, e consequentemente da sua autonomia. Eichmann alegava que se tinha limitado a cumprir ordens e que estava portanto a respeitar os deveres de um “burocrata”. Isso leva Arendt a defender que Eichmann tinha fundamentalmente esquecido as condições morais, a autonomia e a possibilidade de questionar ordens. (Obrigado ao l. rodrigues por me ter chamado a atenção para a existência e relevância da experiência de Milgram.)

Em “Becoming Eichmann”, David Cesarani (historiador britânico e também judeu) sustenta que Eichmann era na realidade extremamente anti-semita, e que esse sentimento foi uma importante motivação dos seus actos genocidas.

— — —

Por alturas do julgamento de Eichmann, Primo Levi escreveu isto:

[E] um sonho pleno de horror ainda não deixou de me visitar, a intervalos por vezes mais curtos, ou por vezes mais longos. É um sonho dentro de um sonho, variado nos detalhes, único na substância. Estou sentado a uma mesa com a minha família, ou com amigos, ou a trabalhar, ou num campo verdejante; em resumo, num ambiente pacífico e relaxado, aparentemente sem tensão nem aflição; no entanto sinto uma angústia profunda e subtil, a nítida sensação de uma ameaça iminente. E de facto, quando o sonho se desenrola, lenta e brutalmente, de cada vez de uma maneira diferente, tudo colapsa e se desintegra à minha volta, a paisagem, as paredes, as pessoas, ao mesmo tempo que a angústia se torna mais intensa e mais definida. Agora tudo passou a ser um caos; estou sozinho no centro de um cinzento e barrento nada, e agora sei o que isto quer dizer, e também sei que sempre o soube; estou outra vez no Lager, e nada é verdade fora do Lager. Tudo o resto foi uma breve pausa, um engano dos sentidos, um sonho; a minha família, a natureza em flor, a minha casa. Agora esse sonho dentro do outro, esse sonho de paz, acabou, e no outro sonho, que continua, gélido, ressoa uma voz bem conhecida: uma única palavra, não imperiosa, mas breve e subjugada. É a ordem da alvorada, de Auschwitz, uma palavra estrangeira, temida e aguardada: levantem-se, "Wstawàch."

- - -

Linkaria

http://en.wikipedia.org/wiki/Adolf_Eichmann

http://www.historyplace.com/worldwar2/biographies/eichmann.htm


http://www.auschwitz.dk/Eichmann.htm


http://www.jewishvirtuallibrary.org

http://www.stanleymilgram.com

http://en.wikipedia.org/wiki/Milgram_experiment

http://www.iep.utm.edu/a/arendt.htm


http://en.wikipedia.org/wiki/Hannah_Arendt


http://www.arlindo-correia.com/180105.html

http://www.mossad.gov.il/Eng/AboutUs.aspx

http://www.hitler.org/writings/Mein_Kampf


http://en.wikipedia.org/wiki/Primo_Levi

http://www.bostonreview.net/BR24.3/gambetta.html

29.5.08

É hoje! É hoje que isto acaba!

OS AMIGOS DE ADOLFO
8. O dia do juízo






Plano aberto do Muro das Lamentações. Uma fila de judeus bate com a cabeça na parede. Plano aperta, mostrando os papelinhos dobrados, enfiados entre as pedras. Funde para outro papelinho dobrado, um recado que está a ser recebido pelo acusador em mais uma sessão do caso Eichmann. Legenda: Jerusalém, 1961.

As testemunhas de defesa, todos antigos altos quadros nazis, receberam garantias de imunidade e salvos-condutos para regressarem às suas casas, a maioria na Alemanha e na Áustria, para virem a Jerusalém depor a favor de Eichmann. Mesmo assim, todos recusaram viajar até Israel e enviaram os seus depoimentos para o tribunal.

Nenhum destes depoimentos, no entanto, sustenta a tese de defesa de Eichmann do “cumprimento de ordens”. Um dos depoimentos é o de Otto Winkelmann, antigo SS e comandante da polícia em Budapeste em 1944. Declarou que Eichmann “tinha a natureza de um subalterno, no sentido de um tipo que usa indiscriminadamente o poder que tem, sem constrangimentos morais. Ultrapassaria certamente a autoridade que tinha se achasse que estava a agir no espírito do seu comandante (Adolf Hitler)".

Um antigo brigadeiro dos serviços secretos alemães, de nome Franz Six, declara no seu depoimento que Eichmann acreditava absolutamente no Nacional Socialismo e agiria até ao extremo da doutrina do partido, e que Eichmann tinha mais poder que os outros chefes de departamento (da RSHA).

Legenda: 14 de Agosto. Depois de 14 semanas de testemunhos, com mais de 1500 documentos, 100 testemunhas de acusação (90 das quais são sobreviventes dos campos de concentração) e dúzias de depoimentos de defesa entregues por correios diplomáticos de 16 países diferentes, terminam as audiências. Os juízes iniciam as suas deliberações, em isolamento.

Corta para 11 de Dezembro: os três juízes anunciam o veredicto: Eichmann é declarado culpado em todas as acusações.

Corta para 15 de Dezembro: Eichmann é condenado à morte. Recorre da sentença, com base sobretudo em argumentos legais sobre a jurisdição de Israel e a legalidade das leis ao abrigo das quais era acusado. Alega também estar protegido pelo princípio dos “Actos de Estado” e repete uma vez mais a sua defesa das “ordens superiores”.

Corta para 29 de Maio de 1962: o Supremo Tribunal de Israel rejeita o recurso e sustenta o juízo anterior em todos os pontos.

Corta para 31 de Maio: o Presidente de Israel, Yitzhak Ben-Zvi, anuncia que indeferiu o pedido de clemência de Eichmann. Muitas individualidades enviaram também pedidos de clemência, aos quais Ben-Zvi responde com uma citação bíblica: “Assim como a tua espada fez muitas mulheres ficarem sem filhos, assim ficará a tua mãe sem o seu filho”. (I Samuel 15:33, palavras de Samuel a Agag, rei dos Amalequitas)

Corta para prisão de Ramla. Legenda: 1 de Junho de 1962. Faltam poucos minutos para a meia-noite. Eichmann recusa uma última refeição. Aceita uma garrafa de Carmel, um vinho tinto seco israelita, e bebe metade. Recusa também um capuz negro que lhe é estendido e diz as suas últimas palavras: “Viva a Alemanha. Viva a Áustria. Viva a Argentina. Estes são os países a que me liguei mais fortemente e não os esquecerei. Tive de obedecer às regras da guerra e à minha bandeira. Estou pronto.”

Poucos minutos depois da meia-noite Adolf Eichmann é enforcado. Duas pessoas puxam simultaneamente uma alavanca, para abrir o cadafalso, de modo a que nenhuma possa saber ao certo que foi pela sua mão que Eichmann morreu.

O corpo é cremado. Na manhã seguinte as suas cinzas são espalhadas no mar, em águas internacionais do Mediterrâneo. O objectivo deste procedimento, para além de mostrar que nenhuma nação lhe proporcionaria o último descanso, é o de impedir o aparecimento de um futuro memorial.

Esta é até hoje a única execução civil alguma vez aplicada por um tribunal em Israel, onde vigora a política de não aplicação da pena de morte.


THE END

AMANHÃ a qualquer hora ou a uma hora qualquer — DEBATE sobre o estrondoso sucesso d’OS AMIGOS DE ADOLFO — Não perca — Envie um comprovativo de consumo da sua blogonovela da vida real e ganhe um kit JULGUE VOCÊ MESMO (um MEIN KAMPF + um SE ISTO É UM HOMEM + uma CAIXA DE ASPIRINA)

28.5.08

All rise (upa upa)

OS AMIGOS DE ADOLFO
7. O homem por trás do vidro


Nova Iorque, Junho de 1960 (isto é a legenda da ordem a abrir o episódio). O que está a acontecer é que a Argentina pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para protestar contra o que considera a “violação dos direitos soberanos da República Argentina”. Pressionado pela direita nacionalista, o governo argentino chegara mesmo a expulsar o embaixador de Israel, Arie Levant.

O Conselho de Segurança acaba por aprovar uma resolução que pede a Israel “reparação apropriada”, ao mesmo tempo que declara que “Eichmann deve ser levado à justiça pelos crimes de que é acusado” e que “esta resolução não deve de modo algum ser interpretada como tolerante dos crimes odiosos de que Eichmann é acusado”.

3 de Agosto: depois de negociações secretas, Israel e a Argentina concordam em pôr termo à disputa, por meio de uma declaração conjunta em que se lê que “os Governos de Israel e da República da Argentina (...) decidiram considerar encerrado o incidente que emergiu da acção conduzida por cidadãos israelitas que infringiram direitos fundamentais do Estado Argentino”.

Corta para grande plano de mesa de madeira. Martelo bate duas vezes na mesa. Legenda: Jerusalém, 11 de Abril de 1961. Está aberto o julgamento de Adolf Eichmann. É pronunciado em 15 acusações criminais (se é que isto se pode dizer assim), incluindo acusações de crimes contra a Humanidade, crimes contra o povo Judeu e pertença a uma organização ilegal.


De acordo com o processo penal israelita, o julgamento é presidido por três juízes: Moshe Landau (presidente), Benjamin Halevi e Yitzhak Raveh. Gideon Hausner, procurador-geral do estado, assumiu as funções de acusador. Para sua própria segurança, Eichmann toma lugar dentro de uma cabina de vidro à prova de bala, na sala de audiências da recém-construída Beit Ha'am (Casa do Povo).

A base legal das acusações contra Eichmann é a “Lei (de Punição) de Nazis e Colaboradores dos Nazis”, de 1950. O julgamento dá origem a enorme controvérsia internacional. O governo israelita permite aos órgãos de comunicação de todo o mundo a cobertura noticiosa, nomeadamente a difusão em directo das sessões, quase sem restrições.

O julgamento inicia-se com diversas testemunhas, incluindo muitos sobreviventes do Holocausto, que depõem contra Eichmann e o seu papel no transporte de vítimas para os campos de extermínio. Umas das testemunhas-chave da acusação é um juiz americano, Michael A. Musmanno, que em 1945 tinha participado nos Julgamentos de Nuremberga. Relembrando esse processo, Musmanno testemunhou que Hermann Goering “deixou bem claro que Eichmann era o homem que determinava por que ordem e em que países é que os judeus deviam morrer”.

Apresentada a acusação, os advogados de defesa de Eichmann, Robert Servatius e Dieter Wechtenbruch, começam por explicar por que é que não vão contra-interrogar nenhuma das testemunhas da acusação. O próprio Eichmann, falando em defesa própria, diz que não põe em causa os factos acontecidos durante o Holocausto. A defesa vai tentar negar a responsabilidade, e não os actos.

Ao longo de todo o julgamento, Eichmann insiste que estava apenas a “cumprir ordens” — a mesma defesa invocada por alguns dos réus de Nuremberga. Declara explicitamente que tinha abdicado da sua consciência para poder seguir o Führerprinzip (princípio da liderança). Eichmann alega que era um mero “transmissor”, com muito poucos poderes: “Nunca fiz nada, fosse o que fosse, sem primeiro obter instruções expressas de Adolf Hitler ou qualquer dos meus superiores”.

O plano fecha nos olhos por trás das lentes do homem por trás das paredes de vidro.

(Continua)

AMANHÃ – O Julgamento continua — OS AMIGOS DE ADOLFO, a sua blogonovela da vida real, está a chegar ao fim — CULPADO OU INOCENTE? — Ou será que afinal já prescreveu? — SE JÁ VIU ATÉ AQUI, NÃO DESISTA AGORA — Aposte no resultado do julgamento e ganhe UM PEQUENO EICHMANN à escala 1/32

27.5.08

Lembra-se de encher a boca com um folhado e dizer 'Adolfo'? (não o faça em casa, junto ao seu computador)

OS AMIGOS DE ADOLFO
6. Krav Maga


O episódio começa em Israel e logo com uma legenda e tudo: Tel Aviv, 1960. Perante as notícias que chegam da Rua Garibaldi, Isser Harel, chefe da Mossad, decide partir para a Argentina. É ele que vai supervisionar pessoalmente a operação de captura de Eichmann e respectivo transporte para Israel, para efeitos de julgamento.

Nada é deixado ao acaso. Para assegurar que não ficarão rastos de ligação a Israel e que não haverá problemas com passaportes, ligações aéreas, vistos, certificados de saúde, etc., a Mossad monta uma mini-agência de viagens algures na Europa.

Agentes israelitas começam a aterrar em Buenos Aires, provenientes de todas as partes do mundo, a pretexto do 150º aniversário da independência, que a Argentina se prepara para celebrar em Maio.

A 11 de Maio, o comando da Mossad está pronto para entrar em acção. Sabem que Eichmann deve chegar a casa por volta das 19.40, de autocarro, vindo do seu trabalho na Mercedes-Benz. Os israelitas chegam cinco minutos antes.

Dois agentes simulam uma avaria no motor de um carro. Outro carro estaciona umas dezenas de metros atrás. Os ocupantes saem e vão ajudar a resolver a suposta avaria. Um ciclista pára e oferece-se para ajudar mais um pouco. Só que este ciclista não estava nos planos. “Muito obrigado, é muito amável, mas não se incomode, pode ir andando”, é a resposta que o ciclista leva.

Dois autocarros chegam, dois autocarros partem e Eichmann não sai de nenhum. Os agentes da Mossad começam a inquietar-se. Teria vindo mais cedo neste dia, o estupor do homem? Teria alterado a sua rotina?

Passa mais um autocarro. Nada de Eichmann. São oito da noite. Alguns dos operacionais começam a achar que é melhor pirarem-se dali para fora. Não querem comprometer as hipóteses de executar o mesmo plano noutro dia. Sem o comunicar aos restantes elementos, o líder do grupo, Gabi, decide esperar até às 20.30.

Às 20.05 chega outro autocarro. Eichmann sai e dirige-se lentamente para a sua casa na Rua Garibaldi. É abordado. Cravam-lhe um cigarro. É agarrado por dois homens. Grita. Guincha. Resiste. Espetam-lhe uma mocada no pescoço. Cai no chão. Apanham-no e enfiam-no num dos carros. É amarrado de pés e mãos, vendado e mantido junto ao chão. Os dois carros afastam-se (o avariado afinal até anda, quando é preciso).

Corta para uma casa ocupada pelo comando da Mossad e agora também pelo seu hóspede Adolf. São 20.55. Eichmann fica sem as suas roupas e ganha um pijama. É amarrado por uma perna aos pés de uma cama. A boca é cuidadosamente inspeccionada, não vá o truque do veneno funcionar mais uma vez.

Eichmann começa por tentar negar a sua identidade, mas rapidamente percebe que não é por aí. Torna-se mais cooperante. Conta como removeu com uma lâmina a tatuagem que todos os membros das SS tinham debaixo do sovaco esquerdo. Tal como toda a gente que o viu depois, os elementos da Mossad ficam surpreendidos com a extraordinária falta de qualquer coisa extraordinária neste homem. Um homem absolutamente comum, sem nada de sinistro, agora nervoso e por vezes aterrorizado com a sua nova situação.

A 20 de Maio, sob o efeito de uma dose bem reforçada de sedativos, Eichmann é metido a bordo de um avião da El Al.

Corta para Tel Aviv. Legenda: Knesset, 23 de Maio de 1960. O primeiro-ministro David Ben Gurion anuncia aos membros do parlamento que Israel tem Eichmann em seu poder e vai julgá-lo em Jerusalém. Recebe uma estrondosa ovação.

No dia seguinte, a notícia está nas capas dos jornais. Em letras e algarismos bem mais pequeninos, vemos a data: 24 de Maio.

(Continua)

Amanhã — NÃO PERCA — O Julgamento — ESCOLHA O FIM D’ OS AMIGOS DE ADOLFO — Se quer que Eichmann seja condenado, aponte o comando da sua TV para o céu e marque 1 – Se prefere que o condenado seja Vale e Azevedo marque 2 – Para condenar Carlos Cruz marque 3 – Para condenar Bibi deixe-se estar sossegado – Para absolver toda a gente marque 0 – Para mudar de canal aponte para a TV — Para mudar de blog vá lá abaixo aos links

26.5.08

Com quase uma hora de atraso (nem os horários das novelas respeitam...)

OS AMIGOS DE ADOLFO
5. A Casa da Rua Garibaldi


O episódio abre em clima de suspense. Seguimos um homem dos seus 45 anos de idade, com o seu quê de misterioso, pelas ruas de uma capital europeia. O homem chega a casa. Abre a sua caixa de correio. Lá dentro está um envelope. O homem olha com interesse para o envelope. Antes de entrar em casa, certifica-se mais uma vez de que não está a ser seguido. Uma legenda esclarece-nos um pouco: Viena, 1954.

Corta para dentro da casa do homem, que não é outro que não Simon Wiesenthal, o mais célebre dos caçadores de nazis. Wiesenthal está a abrir o envelope. Lá dentro está um postal, remetido da Argentina. No postal lê-se: "Ich sah jenes schmutzige Schwein Eichmann. Er wohnt beinahe in Buenos Aires und arbeitet für ein Wassergeschäft”.

Tomando em consideração a parte do público que não lê alemão, uma voz off traduz: “Vi aquele porco do Eichmann. Ele vive perto de Buenos Aires e trabalha numa companhia de águas”.

Excitado com as notícias, Wiesenthal guarda o postal e sai imediatamente de casa. Corta para Wiesenthal a entrar na embaixada de Israel em Viena.

Corta para Buenos Aires. Um grupo de jovens, rapazes e raparigas, convive animadamente. Um dos mais animados é um jovem a quem os outros tratam por Nicholas. É um rapaz muito gabarolas. Orgulhosamente, o rapaz diz para uma rapariga que parece bastante atraída por ele: “Sabe, o meu nome nem sempre foi Nicholas. Chamo-me Klaus. Klaus Eichmann.” E prossegue, exaltando os feitos do seu pai ao serviço do III Reich, nomeadamente no que toca à Solução Final. A única coisa que Klaus lamenta, a esse respeito, é que o trabalho não tenha sido levado até ao fim. A rapariga disfarça bem, mas vemos que fica algo incomodada com a conversa.

Corta para casa da rapariga. Sylvia, pois é essa a sua graça, conta ao pai o que aconteceu com Nicholas/Klaus. O pai, Lothar Hermann, fica extremamente perturbado. E não é para menos. Hermann é um ex-residente do campo de concentração de Dachau, onde Eichmann prestara serviço como administrador.

A pedido do pai, Sylvia dirige-se à casa de Nicholas/Klaus, na Rua Garibaldi, na zona de San Fernando. Um senhor de óculos e em adiantada recessão capilar abre-lhe a porta. Sylvia pergunta por Nicholas. O senhor diz que ele não está. Sylvia pergunta se ele é o pai. O senhor confirma. Sylvia agradece e retira-se.

Hermann não perde tempo a transmitir esta informação. Contacta responsáveis israelitas, que passam a trabalhar em estreita ligação com ele nos anos que se seguem para se informarem sobre Eichmann e formularem um plano para o capturar.

A Mossad começa a vigiar constantemente a casa da Rua Garibaldi e os hábitos do dono da casa. Não restam muitas dúvidas de que o homem é Eichmann. Mas também não há provas. Até que...

Até que chega o dia 21 de Março de 1960. O fim do dia, mais concretamente. O careca-caixa-de-óculos sai do autocarro e dirige-se lentamente para casa. Traz na mão um ramo de flores, que entrega à mulher que o recebe à porta. Os filhos estão vestidos para uma ocasião especial. Pela noite fora, os agentes da Mossad ouvem risos e todos os outros sinais da festa que decorre dentro da casa da Rua Garibaldi.

Plano revelador da troca de olhares entre os membros da Mossad. Agora eles têm a certeza: Riccardo Klement, o careca-caixa-de-óculos, é mesmo Eichmann. 21 de Março é o aniversário do casamento de Adolf e Veronica. Estando-se em 1960, o casal Eichmann está a comemorar as suas bodas de prata.

O episódio termina sob o signo da boa disposição, tanto no interior como no exterior da casa da Rua Garibaldi.

(Continua)

AMANHÃ - A não perder, de forma alguma - OS AMIGOS DE ADOLFO - A sua blogonovela da vida real aproxima-se do final - O raio do homem safa-se ou não? - A Mossad cata o gajo ou não cata? - QUE NERVOS!!! - Envie um SMS seja para quem for e diga o que quiser sobre OS AMIGOS DE ADOLFO - Quem enviar mais SMS habilita-se a poder ganhar um talão para um sorteio de duas viagens para 1 pessoa a Buenos Aires

24.5.08

Adolfo engole ou não engole? (ou: às vezes é pior a amêndoa que o cianeto)

OS AMIGOS DE ADOLFO
4. Riccardo


O plano abre sobre as ruínas, materiais e humanas, do III Reich. Eichmann é capturado por soldados norte-americanos.

Talvez por não acompanharem esta blogonovela, os captores não se apercebem de que acabaram de encontrar um bilhete de lotaria premiado. Não reconhecem Adolf Eichmann, que se apresenta como “Otto Eckman” e consegue passar por um vulgar nazizeco de meia tijela como tantos outros.

Corta para fuga de Eichmann. Sobrepõe-se legenda: 1946. Durante quatro anos, Adolf consegue esconder-se em diversas zonas da Alemanha. Em 1948 obtém uma autorização de desembarque na Argentina, mas não lhe dá uso de imediato.

Corta para 1950. Eichmann chega a Itália, onde passa por refugiado, com o nome de Riccardo Klement. Com a ajuda de um frade franciscano com ligações ao arcebispo Alois Hudal, que organizou uma das primeiras rotas de fuga de criminosos de guerra nazis, Eichmann consegue um passaporte humanitário do Comité Internacional da Cruz Vermelha e um visto argentino, ambos em nome de "Riccardo Klement, técnico". (A produção da novela pode encontrar este passaporte falso no Museu do Holocausto em Buenos Aires, onde se encontra desde 2007, e fazer um mock-up fidedigno.)

Corta para 14 de Julho de 1950. "Riccardo Klement" embarca num navio com destino à Argentina.

Nos dez anos que se seguiram trabalha em diversos biscates na área de Buenos Aires e não só (de capataz de fábrica a assistente de engenheiro hidráulico e a criador de coelhos). Mesmo antes do intervalo para a publicidade, Eichmann consegue reunir toda a família na Argentina.

Corta para Junho de 2006. Na sede da CIA, em Washington, são divulgados antigos documentos relativos a Nazis e às redes que os apoiaram e que rapidamente se reconverteram à luta anti-comunista. Entre os 27.000 documentos divulgados, a câmara encontra e mostra em grande plano um memorandum da secreta alemã BND para a CIA, datado de Março de 1958, em que se afirma que Eichmann estaria a viver na Argentina desde 1952, sob o pseudónimo “Clemens”.

Na época, a CIA não tomara nenhuma medida quanto a esta informação, pois a detenção de Eichmann ameaçava tornar-se embaraçosa tanto para norte-americanos como para alemães, na medida em que chamaria a atenção para todos os ex-nazis recrutados depois do fim da guerra.

Para exemplificar esta situação, fazemos um flashback dentro do flashforward e vemos Konrad Adenauer, chanceler do governo da Alemanha Federal à data do memorandum, manifestando grandes receios: o que é que Eichmann não poderia revelar sobre o passado de malta como Hans Globke, conselheiro de segurança nacional de Adenauer, que tinha trabalhado com Eichmann no departamento de Assuntos Judaicos e na redacção das infames Leis de Nuremberga, de 1935?

A pedido de Bona (sobrepor legenda: Bona, capital da República Federal da Alemanha, 1958), a CIA convence a Life a apagar todas as referências a Globke das memórias de Eichmann, que a revista comprara à família.

Split screen (duas imagens diferentes em simultâneo, portanto): de um lado do écran, a CIA e a BND partilham a informação sobre o paradeiro de Eichmann; do outro lado do écran, em Tel Aviv, as autoridades israelitas suspendem temporariamente as buscas de Eichmann, por não conseguirem descobrir que raio de pseudónimo é que o diabo do homem usava.

(Momento a explorar de modo particularmente enervante e de forma a dramatizar a primeira aparição dos iraelitas na história, agora como nação soberana e já não como gado humano a caminho dos matadouros. Tirar também o devido partido dos “Nokmim”, os “Vingadores”, grupo de elementos oriundos da Jewish Brigade, unidade do Exército de Sua Majestade, uns rapazes que levaram bastante a peito a perseguição, captura e inclusivamente a execução sumária de nazis temporariamente desaparecidos. Óptima altura para terminar o episódio, talvez não sem antes voltarmos a ver Eichmann, tranquilo e feliz da vida, na Argentina.)

Protegido pela hospitalidade argentina, pela inércia da CIA e pela fortíssima concorrência da ameaça soviética, suficiente para ofuscar toda e qualquer vontade de perseguir criminosos de guerra nazis, Eichmann leva a sua vidinha com cautelas mas sem demasiado receio de ser descoberto.

Plano aberto de Eichmann a jogar golfe. Plano apertado de taco de golfe a empurrar bola para o buraco 14. Subjectiva da bola a entrar no buraco. Vai a negro e passa o genérico.

(Continua)

AMANHÃ - A NÃO PERDER - A sua blogonovela da vida real não vai de fim-de-semana - Rigoroso exclusivo DESINFELIZ DE JUÍZO - Ligue 808 666 666 se acha OS AMIGOS DE ADOLFO uma blogonovela bestial - Se acha outra coisa exija que o desliguem da internet - Amanhã, somente das 0.00 às 24.00, 4º episódio e voucher para Tatuagem do seu N.I.B. no pulso - Será que Adolfo vai escapar à justiça?

23.5.08

Cá vai disto (episódio não desaconselhável a menores)

OS AMIGOS DE ADOLFO
3. A Guerra


O episódio abre com as habituais imagens de arquivo do início da II Guerra Mundial: a invasão da Polónia, os Stukas a picar e a assobiar, os tanques a avançar, os polacos a cavalgar, as meninas a morrer, etc., etc., etc.. Nada de especialmente assustador, apenas o mínimo para, com a preciosa ajuda de uma legenda, situar o espectador: Berlim, 1939.

Estamos no Gabinete para a Emigração Judaica. Eichmann acaba de ser promovido a SS-Hauptsturmführer (capitão). Continua a estabelecer contactos com o movimento sionista, com quem vai tentando acelerar a saída de judeus do III Reich. Recebe a notícia da formação do Gabinete Central de Segurança do Reich (Reichssicherheitshauptamt, RSHA), que vai administrar todas as polícias e serviços de segurança.

Corta para Dezembro de 1939. Eichmann é nomeado chefe do departamento RSHA Referat IV B4, que lida com os assuntos judaicos, nomeadamente a evacuação.

Corta para Agosto de 1940. Eichmann concebe o Projecto Madagáscar (Reichssicherheitshauptamt: Madagaskar Projekt), um plano para a deportação forçada dos judeus (que nunca se veio a materializar, porque entretanto alguém teve uma ideia melhor... mas não antecipemos). É promovido ao posto de SS-Sturmbannführer no final de 1940 e menos de um ano depois a Obersturmbannführer.

Corta para 1942. Reinhard Heydrich, fundador e primeiro-comandante da RSHA (ou seja, da Gestapo, da SD e da Kripo, terceiro na hierarquia das forças de segurança do Reich, só atrás de Himmler e do Tio Adolfo Schicklgruber) destaca Eichmann para desempenhar as funções de secretário relator na Conferência de Wannsee, em que as medidas anti-semíticas nazis são assumidas como política oficial de genocídio.

Eichmann recebe o cargo de Administrador de Transportes na “Solução Final da Questão Judaica” (cá está a ideia que já estávamos a antecipar, a que afastou a da deportação), o que o coloca como responsável por todos os comboios que haveriam de levar os judeus até aos campos de extermínio na Polónia ocupada. Não é à toa que este Adolfo ficará conhecido como o “Arquitecto da Solução Final”.

Corta para 1944. Adolf é enviado para a Hungria, na sequência da ocupação do país pela Alemanha como medida preventiva de uma eventual invasão soviética. Começa imediatamente a deportação dos judeus, enviando 400.000 húngaros para as câmaras de gás.

Corta para 1945. Antecipando a derrota final e algum possível desagrado dos vencedores perante a peculiar conduta do Tio Adolfo Schicklgruber e companhia, Heinrich Himmler ordena a suspensão do extermínio dos judeus e a destruição das provas da Solução Final.

Eichmann fica estupefacto com a reviravolta do Reichsführer-SS. Indiferente às ordens oficiais, que não lhe parecem fazer sentido nenhum, continua o seu trabalho na Hungria. Ou seja, continua a enviar cada vez mais judeus para os campos de extermínio. Ao mesmo tempo, faz tudo o que pode para evitar ser envolvido na política da última trincheira (que é como quem diz, bater com os costados nas Waffen-SS, as unidades de combate).

Corta para imagens de arquivo do Exército Vermelho a entrar pela Hungria rapidamente e em força. Eichmann foge da Hungria com igual rapidez, ainda que talvez não com a mesma força. Regressa à Áustria, onde reencontra o seu longo amigo Ernst Kaltenbrunner (o tal dos dois metros e um).

O episódio termina com Kaltenbrunner a evitar a todo o custo associar-se a Eichmann, demasiado marcado pelos Aliados em razão do seu papel de responsabilidade na administração do extermínio. As coisas não parecem correr bem para este Adolfo (o outro, o Schicklgruber, já se foi e com ele a própria da Alemanha e uns seis milhõezitos de judeuzecos, mais coisa menos coisa, entre outros).

(Continua)

Amanhã — A NÃO PERDER — Conseguirá Adolfo fugir aos Aliados? — OS AMIGOS DE ADOLFO — Todos os dias e a todas as horas no Desinfeliz — A SUA BLOGONOVELA DA VIDA REAL — Amanhã, 4º episódio e pulseira AMIGOS DE ADOLFO grátis ou tatuagem ICH LIEBE EICHMANN por apenas €6,99+IVA — Ligue já 808 113 113 (se o 3º episódio lhe arrepiou a espinha) ou 808 114 114 (se já sabia mais ou menos o que se ia passar mas mesmo assim gostou bastante e está em pulgas para ver como é que isto acaba) (e quando) (se é que)

22.5.08

A pedido de uma família (a minha)...

... o 3º episódio fica para amanhã. Entschuldigen.

21.5.08

A pedido de inúmeras famílias, o 2º episódio!

OS AMIGOS DE ADOLFO
2. Sob o signo da suástica


O plano abre sobre uma maravilhosa paisagem alpina. Uma legenda situa-nos no tempo e no espaço: Áustria, 1932. A música tirolesa começa a dar lugar ao ritmo compassado de uma marcha militar, prenunciando algo. Ou qualquer coisa, sabe-se lá...

Cortamos para o interior de uma casa. É a casa da família Eichmann.

Ernst Kaltenbrunner, austríaco, advogado, 2 metros e 1 centímetro de altura, amigo da família, aconselha o jovem Adolf a aderir ao nacional socialismo. Adolf assim faz. O ramo austríaco do NSDAP inscreve-o como militante, com o número 889 895.

A 1 de Abril de 1932 Adolf Eichmann dá mais um passo decisivo na vida: entra para as SS, como SS-Anwärter (uma espécie de cabo raso). Em Novembro já é um SS-Mann, portador do cartão com o número 45326 da Schutzstaffel.

Cortamos para 1933, quando os nazis sobem ao poder. Eichmann regressa à Alemanha e candidata-se a serviço activo nos regimentos das SS. É admitido e em Novembro de 1933 é colocado no serviço administrativo do campo de concentração de Dachau, com o posto de Scharführer. A carreira de Adolf promete.

Em 1934 Eichmann requere a transferência para a Sipo (Sicherheitspolizei, Polícia de Segurança), que por essa altura se tinha tornado numa organização não menos poderosa e temida que a sua prima Gestapo. A transferência é concedida e Eichmann é destacado para a sede da SD (Sicherheitsdienst) em Berlim. É promovido a Hauptscharführer em 1935 e recebe a comissão de SS-Untersturmführer em 1937.

(O espectador não se deve distrair nem envolver demasiado com a profusão de siglas ou com a aparente abstrusidade de algumas designações. Afinal de contas isto é uma novela, e não um documentário ou uma aula de alemão. Faça o favor de se concentrar no essencial. O resto é mais para criar ambiente e para que se possa mais facilmente imaginar o sotaque característico dos actores que desempenham papéis de alemão.)

Ainda em 1937 Eichmann é enviado, juntamente com o seu superior Herbert Hagen, à Palestina. (Breve plano elucidativo do estatuto de protectorado/mandatado britânico da Palestina à data dos acontecimentos, não vá o estimado público baralhar-se todo.)

O objectivo da missão é avaliar as possibilidades de emigração maciça de judeus da Alemanha para a Palestina (onde se lê emigração poderia talvez ler-se exportação, ou mesmo dumping, mas esta novela não pretende cair no humor negro demasiado fácil). Eichmann e Hagen desembarcam em Haifa, mas só conseguem obter vistos de passagem. Dirigem-se então ao Cairo, onde se encontram com Feival Polkes, um agente da Haganah (agência clandestina judaica), que discute com eles os planos sionistas, tentando obter ajuda no sentido de facilitar a emigração de judeus da Europa. Alto ambiente conspirativo.

Breve flash-forward: Eichmann, muitos anos mais tarde, declara que tinha também em vista encontrar-se com líderes árabes na Palestina e que isso nunca chegou a acontecer porque as autoridades britânicas lhe recusaram a entrada na Palestina.

Regresso a 1938. Eichmann é destacado para a Áustria, para ajudar a organizar as Forças de Segurança das SS após o Anschluss (a anexação da Áustria pela Alemanha). Este serviço vale a Eichmann a promoção a SS-Obersturmführer (Primeiro-tenente) e a escolha, no final de 1938, para formar o Gabinete Central para a Emigração Judaica, a quem se atribui a deportação forçada e a expulsão dos judeus da Áustria.

O episódio termina com Adolf Eichmann embrenhado em estudos do judaísmo, por força das suas novas tarefas. Já com o genérico a sobrepôr-se, ouvimo-lo a aprender hebraico.

(Continua)

Amanhã — A NÃO PERDER — Guerra! — Extermínio! — Mortos aos milhões! — OS AMIGOS DE ADOLFO — Todos os dias e a todas as horas no Desinfeliz — A SUA BLOGONOVELA DA VIDA REAL — Amanhã, 3º episódio e bases de copos ARBEIT MACHT FREI — Ligue já 808 112 112 (se gostou do 2º episódio) ou 808 113 113 (se não aguenta esperar pelo 3º)

20.5.08

Os Amigos de Adolfo (1º episódio)

A novela da vida real que o Desinfeliz se propõe escarrapachar nos dias que se seguem (devidamente cortada em fatias fininhas para não desassustar ninguém e para ir agarrando as audiências) necessita de umas quantas explicações e agradecimentos prévios.

Começando pelo princípio: o título. Os Amigos de Adolfo é um título que roubo indecentemente a uma fabulosa curta-metragem de Luís Tinoco, a quem penso que ainda posso chamar amigo apesar de já não o ver há muitos anos, e que entretanto se tornou conhecido como compositor e ainda por cima dizem que é dos bons.

Escolhi este título porque o protagonista da história é Adolfo, porque é fiel seguidor de outro Adolfo e, acima de tudo, porque o que me leva a escarrapachar aqui a história é a quantidade de Adolfos que por aí andam sem saberem que o são.

Na senda de outros posts anteriores, achei que se justificava assinalar no Desinfeliz a data de 24 de Maio. Numa história que começa muito antes e termina depois, o 24 de Maio é um capítulo como qualquer outro, por isso decidi começar antes e eventualmente acabar não muito depois de 24 (se não me falham as contas às doses a servir em cada episódio).

Finalmente, espero não estragar nenhum efeito dramático mas vou adiantar já a moral da história, ou a minha moral da história, que não é mais que a razão que me leva a pensar que ela, a história, pode ter algum tipo de interesse para as pessoas. Para algumas pessoas, pelo menos.

Este Adolfo e muitos dos seus amigos sustentaram a tese de que a responsabilidade desaparece quando se cumprem ordens. Em última análise, num sistema hierárquico piramidal puro e duro, a responsabilidade seria toda, única e exclusivamente, do Grande Chefe. Todos os outros, pelo facto de cumprirem ordens, estariam automaticamente libertados de qualquer outro tipo de obrigação, culpa ou possibilidade de castigo. Cómodo, muito cómodo. Demasiado cómodo e, para mim, totalmente inaceitável.

A história deste Adolfo começou há mais de 100 anos e o 24 de Maio que pretendo assinalar foi o de 1960. Mas, talvez por histórias como esta não terem sido devidamente adaptadas para novelas ou outros formatos de fácil consumo, é espantosa a quantidade de pessoas que vejo todos os dias agirem de acordo com a tese da responsabilidade total do líder supremo e inatingível, e da paralela e consequente desresponsabilização de todos os subordinados, ou seja de toda a gente. Vejo-os todos os dias e não páro de m'espantar e de m'assustar com o seu zelo de burocratas e com a sua fantástica combinação de inocência, ignorância, inconsciência, auto-convencimento, cobardia, estupidez e amoralidade.

É nestes amigos de Adolfo que penso quando trago esta história para os amigos do Desinfeliz. Depois deste longo intróito, prometo que o primeiro episódio é curtinho. Apresenta-se o protagonista e prontos, amanhã há mais.

- - -
OS AMIGOS DE ADOLFO
1. Os primeiros passos


Nasceu a 19 de Março de 1906, na Alemanha, mais exactamente em Solingen, não muito longe de Düsseldorf. Os pais, Adolf Karl Eichmann e Maria Eichmann, Schefferling de solteira, chamaram-lhe Otto Adolf Eichmann.

Em 1914 a mãe morreu. O pai, homem de negócios e industrial, levou a família para Linz, na Áustria. Terminada a Primeira Grande Guerra, durante a qual serviu no exército austro-húngaro, Adolf Karl voltou à família e aos negócios em Linz.

Otto Adolf, o filho, deixou a Realschule sem ter concluído os estudos secundários e começou a praticar a profissão de mecânico. Aos dezassete anos começou a trabalhar na companhia mineira do pai. Entre os dezanove e os vinte e um trabalhou como vendedor para a Oberösterreichische Elektrobau AG e até à Primavera de 1933 foi agente da Vacuum Oil Company AG, uma subsidiária da Standard Oil. Em Julho de 1933, com vinte e sete anos, regressou à Alemanha.

Em 21 de Março de 1935 casou com Veronica Liebl, três anos mais nova. Tiveram quatro filhos: Klaus Eichmann (nascido em 1936, em Berlim), Horst Adolf Eichmann (n. em 1940, em Viena), Dieter Helmut Eichmann, (n. em 1942, em Praga) e Ricardo Francisco Eichmann, (n. em 1955, em Buenos Aires).

(Continua)

Amanhã — A NÃO PERDER — Adolf entra no Partido Nazi — Será que se junta às SS? - OS AMIGOS DE ADOLFO — Todos os dias e a todas as horas no Desinfeliz - A SUA BLOGONOVELA DA VIDA REAL - Guerra! Espionagem! Horror! Justiça e injustiça! Mortos - muitos, muitos, muitos mortos! — Amanhã, 2º episódio e capa arquivadora GRÁTIS - Ligue já 808 115 115 (se gostou do 1º episódio) ou 808 112 112 (se adorou)

15.5.08

José, o fumador


José, o Primeiro, era um ex-fumador. Já na sua nova condição de não-fumador, foi caçado a fumar (no gabinete? no hall de entrada do Palácio de Belém? na casa de banho da Assembleia da República? confesso que não me lembro onde foi, mas não interessa). Caçado a fumar, José, o Primeiro, reiterou a sua condição de ex-fumador e actual não-fumador e passou à frente.

No dia 1 de Janeiro, assinalando a entrada em vigor das novas mega-restrições ao acto de fumar, que vieram estender a todo o habitat do ser humano as proibições que há muito tempo já vigoravam nos aviões, José, o Primeiro, assistiu, como todos os portugueses, ao espectáculo do Casino, com o inspector-mor da ASAE no protagonista. Como todos os portugueses, José, o Primeiro, nada fez sobre o assunto e, ao contrário de muitos, não se pôs a criticar o pobre do agarrado. Estou em crer que nem sequer lhe terá dedicado um minuto que fosse do valioso tempo das suas conversas com Manuel, o Pinho, responsável, entre tantas outras coisas complicadas, pela ASAE.

Não admira que, enfiado num avião com destino a Caracas, José, o Primeiro, tenha aproveitado a ocasião para pôr a conversa em dia com Manuel, o Pinho. Quiçá enervado com algum panorama económico eventualmente mais negativo que Manuel, o Pinho, lhe tivesse finalmente conseguido transmitir, José, o Primeiro, teve uma recaída. Sacou de um dos cigarros que já não fuma e fumou. Depois fumou outro. Quando acabou os dele, cravou mais um ou dois a Manuel, o Pinho, que provavelmente o ia acompanhando apenas por uma questão de cerimónia, porque Manuel, o Pinho, não é desses de tomar a iniciativa. E muito menos quando a iniciativa vai contra normas comunitárias em vigor.

Confrontado, já no destino, com alguma polémica gerada no ponto de partida por este pequeno incidente de viagem, José, o Primeiro, meteu a beata no bolso e os pés pelas mãos, como qualquer miúdo apanhado a fumar, engasgou-se e desengasgou-se, tossiu e mentiu. Reafirmou, pela enésima vez, que vai deixar de fumar.

Poucas vezes terá José, o Primeiro, feito uma promessa com tantas probabilidades de vir a cumprir. No dia em que José, o Primeiro, deixe de o ser e volte a ser apenas José, o Engenheiro, vai ter de cumprir a lei que aprovou, talvez com alguma ligeireza, e vai mesmo deixar de fumar nos aviões, nos gabinetes, nos halls, nas casas de banho e basicamente em todo o lado.

A mim, sinceramente, tanto se me dá que José, o Primeiro, fume ou deixe de fumar. O que me lixa é que José, o Alfredo, não possa também fumar um cigarrito em paz e sossego.

14.5.08

Declaração de interesse (muito especialmente para quem se interessar)

Apesar de este ano ter calhado a 8 de Maio no calendário cristão em vigor, 14 de Maio é a data da Declaração do Estabelecimento do Estado de Israel. O texto, também conhecido por Declaração de Independência, foi aprovado numa sessão festiva do Conselho do Povo, constituído por representantes da yishuv (a comunidade judaica da Palestina) e do movimento Sionista. Era uma sexta-feira dos idos de 1948 e estava-se a poucas horas do termo do mandato Britânico na Palestina.

A Declaração divide-se em sete secções. A primeira, que ocupa cerca de metade da área total do texto, é um prefácio de carácter histórico. Refere sucintamente os laços entre o povo judaico e a terra de Israel, como fundamento e legitimação das aspirações à soberania: a formação política, cultural e religiosa do povo judeu na terra de Israel e a sua passada existência política independente nesse território; a imigração e povoamento mais recente, com a consequente aspiração à independência e ao estatuto de estado; o reconhecimento internacional do direito de regresso do povo judeu ao território, na Declaração Balfour; a lição do Holocausto — que a independência é uma necessidade; a imigração clandestina dos sobreviventes do Holocausto para a Palestina e a contribuição da yishuv para o esforço de guerra contra os nazis, que a legitima como candidata a membro-fundador das Nações Unidas; o reconhecimento do direito do povo judeu ao seu próprio estado, expresso na resolução de partilha da ONU.

Na segunda secção, afirma-se o direito natural do povo judeu a ser como todos os outros povos e a exercer a auto-determinação num estado soberano seu. A terceira proclama o estabelecimento de um estado judaico em Eretz Israel, designando-o como "Estado de Israel". A quarta estabelece instituições provisórias de governação desse estado: o Conselho de Estado Provisório e o Governo Provisório. A quinta estatui que caberá a uma assembleia constituinte eleita a formulação de uma constituição, num prazo de meses. A sexta esquematiza os princípios do ordenamento político do estado. A sétima e última secção apela à paz e à cooperação com os Árabes de Israel, com os países vizinhos e respectivos povos, com o povo judeu da Diáspora e com a Organização das Nações Unidas.

Apelo que nunca será de mais repetir. Com a mesma insistência com que, durante séculos e séculos, os judeus espalhados pelo mundo continuaram a despedir-se nas ocasiões mais solenes com um "Até para o ano, em Jerusalém", nenhuma declaração, seja ela qual for, deve terminar sem um sincero, convicto e esperançoso "Shalom".

Shalom.

7.5.08

Vamos aprender a comemorar?

Como comemorar o 25 de Abril? Respondendo às (mais que fundadas) preocupações do Presidente da República, eis uma lista de ideias que se poderiam adaptar ao nosso caso ou inspirar-nos a criar as nossas próprias ideias (sim, dá um bocadinho de trabalho, mas é das tais coisas que, em fazendo-se como deve ser, unem o povo, refrescam a democracia, tonificam as instituições e revitalizam as fibras da própria nação).

O que se segue é um programa das comemorações do 60º aniversário da independência de Israel. O dia que se assinala é o 14 de Maio*, mas as festividades começam já hoje e prolongam-se por mais uns quantos dias. Desde o tradicional barbecue em família à divulgação dos resultados de uma votação nacional para escolher o pássaro que haverá de simbolizar o país, há de tudo, com e sem simbolismos, com e sem intenções pedagógicas, com e sem as instituições do estado, com e sem aparato, com e sem muito dinheiro.


Peço desculpa por a lista ser em inglês (mas sempre é preferível ao hebraico...).

* 14 de Maio, no calendário judaico, este ano calha no nosso 8. Cada terra com seu uso, não é verdade, e se a Terra-média tem direito aos mais desvairados calendários por que é que a Terra Santa não há-de ter também o seu?

Lighting up the skies of Israel

Massive light shows with illuminations, music, laser shows and special effects will adorn the skies of Israel on the eve of Independence Day. The displays will take place at a number of locations, from Nahariya in the north to the southernmost city of Eilat, and the coastal plain in the west to the spine of the mountains in the east. The performances will also be broadcast live on television.

Location: Across the country
Date: Wednesday, May 7
Time: 8 P.M.


We are as one

A video presentation of the history of the State of Israel will be broadcast on screens across the country. The footage contains key points in the history of the state, including the Declaration of Independence in 1948.

Location: Nationwide
Date: Wednesday, May 7
Time: 10 P.M.



Recreation of the Declaration of Independence


Independence Hall is the site of the declaration of the establishment of the State of Israel by David Ben-Gurion, the first prime minister of the Jewish state. To honor its 60th anniversary, there will be a reenactment of the moment of this historical moment.

Location: Independence Hall, Tel Aviv
Date: Thursday, May 8 and Friday, May 9
Time: 9 A.M.


Entrance is free!
From Ninet to Mashina, live on stage for Independence Day

Location:Across the country
Date: Wednesday, May 7
Time: From 8 P.M.


Ashkelon: Yuval the Confused, Ron Shoval, Hadas Moreno, House of Dolls, and Erik Berman.

Ashdod: Yuval the Confused, David D'Or, Dana International, pyrotechnics and laser shows

Haifa: Moshe Lahav, Kobi Aflalo, Teapacks, Stalos, Oren Chen, Hani Nachmias, Subliminal and the Tact Family

Herzliya: Pablo Rosenberg, Margalit Tzanani, expert illusionist Hezi Dayan, Tal Museri

Netanya: Harel Skaat, Margalit Tzanani, Mashina, Ninet, Synergy, Ivri Lider, the Pajamas, and Idan Yaniv

Ramat Gan: Boaz Meuda, Mashina, Synergy, Knesiat Hasechel, Tzvika Pik, Yehudit Ravitz, Boaz Sharabi, Harel Skaat, Dafna Dekel, Yaniv the Fabulous

Tel Aviv: Yizhar Cohen and Nurit Hirsch, Givatron, Mati Caspi, Ivri Lider, Monica Sex and Dana International, Rinat Gabay, fireworks and a party into the night

Yavneh: Muki, Tal Mann, fireworks displays, dance parties

Getting that Zionist feeling on Independence Day

If at your house, all those who have not yet finished school are convinced that the first Prime Minister of Israel was Grandpa Tevye from Fiddler on the Roof, perhaps it is worth nudging them in the direction of sites that commemorate our settlement, heritage and security. You will be surprised at the number of attractions that are definitely worth a visit-celebrating 60 years of a state and its independence is a good a reason as any to go, even if you can recite the entire history of independence by heart.

We are the pioneers!

The Palmach museum in Tel Aviv, is one of the most impressive in Israel, featuring the interior of the ship used to bring the immigrants over to mandate Palestine, (including the suffocating smell, the pioneers' suitcases and waves of ocean spray), the inspectors' tents, detention center and even a military post. The exhibits in the museum are ordered chronologically and groups will follow the journey of the Palmach and experience along with them the training and the discussions of military operations with other underground organizations and of course, the announcement of the Declaration of Independence and the War of Independence.

Location: 10 Haim Levanon Street, Ramat Aviv, Tel Aviv.
When: Sunday, Monday 09:00-17:00; Tuesday 09:00-20:00; Wednesday 09:00-15:00; Thursday 09:00-13:30; Friday 09:00-11:00


Defense is the best form of attack

In Israel today, we typically build the railway tracks first and then only afterwards realize that it was not such a good idea. This could well trigger a yearning for the generation who knew how to construct on a grand scale and in an orderly fashion. Take for example, members of the Haganah, who in 1945 were already preparing for the War of Independence. With this in mind, they acquired Polish machines designed to produce rifle bullets. Underneath the laundry buildings and bakery, groups dug a 250 meter hiding place to store their weapons. The Ayalon Institute in Rehovot, deserves praise for its excellent reconstruction of the secret hiding place.

Location: Kibbutzim Hill, Rehovot.
When: Sunday-Thursday 08:30-16:00; Monday, 08:30-18:00 (March-October); Friday 08:30-12:00; Saturday 09:00-16:00.


Bravery caught on camera

It's a bit hard to believe, even using the imagination, that the place that once witnessed bitter conflict and blood, today organizes events and festivities. Perhaps it is a bit disrespectful, but the refurbished Hatser Tel Hai Museum nevertheless offers impressive displays which depict the story of the heroism and courage of the fighters based at the site. Children's activities are also provided, along with painting and coloring for toddlers and everyone can enjoy the audiovisual show. In addition, there is an art and dressing-up corner available during festivals and holidays.

Location: Hatser Tel Hai, Galil Elion.
When: Sunday-Thursday 08:00-16:00; Friday and erev chag 10:00-15:00.


Old and new

Kibbutz Ein Shemer was built in 1913. You will see for yourselves the size of the dream and the belief held by the kibbutz members that arrived and held onto the place by their fingernails. Even drinking water had to be brought by wagon for 12 years. That is one of the reasons why Ein Shemer has become an exceptional example, and why today the kibbutz is flourishing and exhibits 'The Old Courtyard'-a magnificent refurbished courtyard, surrounded by original and reconstructed buildings, a tractor display, guided tours on the Turkish railway, an audiovisual presentation and even bread-baking. All of this is flavored with the guides' favorite stories and enriched with activities that take place during holidays and festivals.

Location: Kibbutz Ein Shemer, near Gan Shmuel, Caesaria and Binyamina.
When: Sunday-Thursday 08:00-16:00; Friday and erev chag 08:00-13:00; Shabbat and festivals 10:00-15:00


NILI's British partisans

We had to undergo a lot of suffering and hardship to achieve a state of our own. The first people here were really the first. For the pioneers and the urbanites, everything was totally new. Unlike us, there was no one for them to accuse. NILI was one of the first Jewish underground organizations to be established, founded by a group of boys and girls. The Aaronsohn House Museum in Zichron Yaakov follows the story of the young people who under frightening Turkish rule aided the entry of the British army into Israel. The museum exhibits the tools, furniture and documents from that period and audiovisual presentations provide an additional and thorough explanation of the events that took place.

Location: Zichron Yaakov
When: Sunday-Thursday 09:00-14:00; guided tour on the hour every hour-Tuesday until 15:00; Friday until 12:00



Independence Day parties



PUBLIC PARTIES

There are three birthday parties for the public, all of which will begin at 1 P.M. on Friday May 9. The three parties will take place at Nitzanim Beach near Ashkelon, Rabin Square in Tel Aviv and Achziv Beach in the Galilee. Entrance is free

BORN ON MAY 14

There will be a special birthday party at the President's Residence starting on 4 P.M. on May 11 for people who were born on the same date as the State of Israel. If you were born on the fifth of Iyar 5708 (May 14, 1948) or know someone who was, please contact the organizers by emailing minhelet60@israelexperience.org.il or meravmu@israelexperience.org.il or by calling (02) 621 6464

STREET PARTIES

Salona

A wild party in the Naga neighborhood of Jaffa, in association with Poike restaurant. On the menu is lots of meat, alcohol and excellent music. At the turntable will be Erez Tzuk Ramon and Hadas Orbuch.

Location: Salona bar, Jaffa
Date: Thursday, May 9
Time: From 8 P.M.


Botanica

Nadav Ravid and Amir Egozi are in charge of the music at this intimate party.

Location: Shesek bar, Tel Aviv
Date: Thursday, May 9
Time: From 10 P.M.


Broken Beats

Electro music and a wild party. Toaster will be at the turntable.

Location: Uganda, Jerusalem
Date: Thursday, May 9
Time: From 10 P.M.


Unveiling Israel's national bird on Independence Day


Israelis have voted over the past months for their national bird and the winner will be unveiled on Independence Day. The 10 finalists are: Lesser Kestrel, Barn Owl, Griffin Vulture, White-breasted Kingfisher, Graceful Warbler, Yellow-Vented Bulbul, European Goldfinch, Palestine Sunbird, Hoopoe, Spur-winged Plover.

Telfed goes north

Telfed (the South African Zionist Federation) has organized a one-day tour to the Galilee on Tuesday 13th May in honor of Yom Haatzmaut. Buses will pick participants up from Ra'aana and the nearby Protea Village and the tour includes a special memorial ceremony for the South African who have fallen in Israel's wars and in terrorist attacks, to take place at the South African Memorial at the Golani Junction.

ESRA's new picnic generation

The English-Speaking Residents' Association (ESRA) was founded in 1979 by a group of English-speaking residents of Herzliya and Kfar Shmaryahu and now includes additional branches in Ramat Hasharon, Raanana, Kfar Saba and Hod Hasharon. ESRA's New Generation group (aimed at 25- to 45-year-olds) is planning an Erev Yom Ha'atzmaut picnic in Raanana Park.

Falafel Tea Party

On Sunday, 11th May, the Netanya branch of Americans and Canadians in Israel (AACI) will be celebrating Israel's 60th with a Falafel Tea Party. The program includes a photographic slide show, readings and memories from AACI Netanya members and friends, accompanied by falafel, Israel's national snack. The movie 'The Forgotten Refugees' (2005), that explores the history and destruction of Middle Eastern Jewish communities and includes extensive testimony from former residents of Egypt, Yemen, Libya and Iraq, will be screened.

Yom Haatzmaut Prayers in Be'er Sheba

Beersheba's Rambam Synagogue invites all those interested to join Yom Ha'atzmaut services to celebrate Israel's 60th birthday with prayer and song in the Carlebach-style. Services start at 7:45 p.m., on Wednesday May 7th, and will be conducted in Hebrew. Rambam Synagogue is located behind the Rambam School, 4 Sha'ar Yeshuv St., Shechunah Hey, Beersheba. Rambam is an Orthodox synagogue where men and women sit separately. Respectful attire is required.

Meeting Herzl

On Monday, May 19th at 19:00, Jerusalemites and tourists in Jerusalem are invited to take an imaginary journey back 100 years in time, to meet Theodor Herzl, the visionary Hungarian-born journalist and founder of Zionism. Sir Bernard Zisman will read from his book, Herzl's Journey: Conversations with a Zionist Legend. Zisman conducts throughout his book an imaginary dialogue with Herzl, covering the impact of anti-Semitism in France, travelling through Europe, and their arrival at a present-day destination where the author and Herzl discuss the plight of both Jewish and Palestinian refugees. Sir Bernard Zissman was elected Lord Mayor of Birmingham, England in 1990 and knighted for public and political services in 1996. He is presently President of the Representative Council of Birmingham and Midlands Jewry. Sir Bernard serves on the governing body of the 150 year old historic Singers Hill Synagogue and is President of the Birmingham Hebrew Congregation.

Singalong and party till dawn

On 7th May Mercaz HaMagshimim, the centre for younger olim and Jewish creativity, combining an absorption center, community center and activism center, is hosting a singalong of Israeli songs and a party, starting at 21:30 and continuing till the break of dawn. Revellers will be sustained by an open-air barbeque, and alcoholic and soft drinks. There is access for wheelchairs. All revenues from the party will go towards supporting the 'Tzur Israel' school in the Ramot neighborhood of Jerusalem, which specializes in taking care of youth in danger.

Take an Independence Day trip

What's the best way to get to know Israel? Take a trip around the country. This time, to celebrate 60 years of the State, come and try something different: jeep rides, treasure hunts and walking treks. You could hold a barbecue (mandatory on Independence Day). Or you could take the whole family to visit unique historical sites, but in order to really honor the 60th birthday of the State of Israel hand in hand with its independence, go on a trip, because only then will you get to see the land close-up, a country that will very shortly be reaching retirement age but with no intention of give up work.

Stories of the old Nitzanim site

What is it: Fascinating tours of the new Nitzanim site where you will encounter characters from the past, discover what happened at the battle of Nitzanim and watch an exciting audio-visual presentation. To finish, you can find out about trips you can take independently within the nature reserve.

When: Thursday 8th May between 10:00 and 12:00 at the Shekamim Field School.
Cost: Free


Family outing in the Galilee

What is it: A journey through the orchard groves and fields of the western Galilee, to the Monument of the Fourteen Hands; visit the site immortalizing those that fell at the battle of the Night of the Bridges in 1946 and from there continue onto the beach promenade until you reach the caves. After that, climb the tower and stockade defenses which protected the homes of the first settlers in Hanita and end with a walking tour in Adamit Park with views over the Galilee and the sea.

When: Friday 9th May at 09:00.
Cost: 40 NIS.


Independence Celebration in Adulam Park

As a birthday present, The Jewish National Fund is giving the State the Adulam Caves Park. You are invited to enjoy celebratory hikes, an abundance of activities for all the family, creative workshops and kites, archeological activities for the children, a coin workshop, a bike ride and a tour in field cars along the trails crossing the park. Following the activities, an independence celebration will be held in the ruins with singer Einat Saruf and other artists.

When: Thursday 8.5 at 11:00.
Cost: Free.


Oil Lamp Tours at the Castel

What is it: A tour by oil lamp through the winding caves, water holes and olive oil press in the Castel National Park. During the tour, the participants will walk through the reserve, imagining the difficulties in transferring the supply convoys to the hidden city and between the military outposts. From there, you will continue to the national park and by the light of an oil lamp you will wander through the connecting trenches and discover the stories of the "Castel" that constituted one of the turning points of the War of Independence.

When: 9, 10 May from 17:00.
Cost: 45 NIS adults; 35 NIS children.



Stories, palace and sand dunes

What is it: An evening trek to the sand dunes reservation at Nitzanim. Visit the "palace" - proof of the courage of the inhabitants of Nitzanim, sixty years ago; wander around the sand dunes; be amazed by the beautiful sunset, roll down the golden dunes, observe different animals and snack on pita and tea.

When: Friday 9.5 at 15:00.
Cost: 60-90 NIS


Tractors and wagons

What is it: Experiential activities for children and parents at the Courtyard Museum, Kibbutz Ein Shemer, to symbolize sixty years of agriculture in Israel. The outing includes a wonderful display of tractors, agricultural tools from the period during and before the foundation of the State, creative activities, a ride on the Turkish Railway that dates back to the beginning of the last century and a tour of the wagons that were harnessed to the tractors.

When: Saturday 10.5 at 09:30.
Cost: 45-66 NIS.


Springs at Zin Valley

What is it: A family jeep tour through the countryside and by the springs and along short walking tracks within the Zin Valley near Kibbutz Sde Boker in the central Negev. During the trip you will travel through the wide open spaces of the valley, visit the huge desert in the region and then finish with a refreshing splash in the spring.

When: Saturday 10.5 at 10:00.
Cost: 273-387 NIS per jeep.


Encounter with the park birds


What is it: Tens of species of migrant birds are prevented from inhabiting the heart of Tel Aviv. In Park Hayarkon in Tel Aviv, you will come cross warblers, orioles, starlings and even exotic birds that have managed to escape from the zoo and now endanger the local birds.

When: Saturday 10.5 at 08:30.
Cost: 51-75 NIS.


We proclaim the establishment of the State!

What is it: A family hike to commemorate 60 years of the State in Rabin Park, Latrun, where you will solve interesting puzzles, discover facts that you didn't know about the people that created the State and walk or drive in private cars along the paths that run through the park.

When: Friday and Saturday, 9-10 May at 10:00.
Cost: 30 NIS children; 20 NIS for an accompanying parent.


Watching birds up close

In the fish ponds at Kibbutz Ma'agan Michael, you will encounter coots, herons, storks and cormorants and thousands of other birds that will leave Israel to enjoy the warmer climes of Africa during the winter months.

When: Saturday 10.5 at 08:00. Exit from the gate at Kibbutz Ma'agan Michael.
Cost: 39-60 NIS.


Military and police celebrations on Independence Day

The IDF salutes Israel

Aerial, naval and skydiving displays will take place throughout the day, at various locations throughout the country.

Location: Nationwide
Date: Thursday, May 8
Time: 1 P.M.


Israel Police celebrations

Israel Police will hold a parade, including expositions of their detective capabilities, the fight against crime and the use of animals in the war on drugs. There will also be paint-ball, an artist's corner and a skills showcase.

Location: Police academy, Kiryat Ata
Date: Thursday, May 8
Time: 9 A.M.


Naval display

The Israel Navy will put on a display of boats along the Herzliya coastline. The naval boats will be accompanied by some 200 yachts and together they will sail down to the Tel Aviv beachfront. There will also be a showcase by members of the naval cadets at Herzliya marina.

Location: Herzliya Marina
Date: Thursday, May 8
Time: 10 A.M.


Israel Defense Forces orchestra Independence Day parade

For the first time, the Israel Defense Forces orchestra will team up with military orchestras from all over the world, for a parade through the streets of Haifa. The performance will bring together 10 military orchestras from around the world for a visual and musical experience, including a marching band, during which each orchestra will perform a repertoire of its songs.

Location: Haifa
Date: Thursday, May 8
Time: 11:30 A.M.

6.5.08

Nada de novo na Terra-média

Hoje, nos moldes gregorianos modernos, é 6 de Maio. No Shire está-se a 5 ou a 15 de Thrimidge, consoante o calendário seja ajustado ao nosso ou não. Ali ao lado, em Bree, não há dúvidas: é mesmo 15 de Thrimidge. Em Gondor é 14 de Lótessë (resquícios do calendário de Númenor, onde estaríamos a 15 de Lótessë). E em Rivendell as élficas folhas dos calendários apontam 39 de Tuilë. O mais fabuloso de tudo isto é que, tanto quanto se sabe, nada de especial aconteceu neste dia na Terra-média, fosse onde fosse.

5.5.08

O segundo lugar já era

É chato, há que convir. Mas o pior é se isto é verdade.

2.5.08

You'll never walk alone...


... out of the Champions, cantaram os fãs do Liverpool, solidários com os do Barça.