"Pode ser que sim. Pode ser que não. Não posso garantir." - in Astérix, A Volta à Gália

27.9.06

Tuguíadas I, 88/89 (Ei-los de volta, ó desinfelizes)


Passa assim Portugal mais adiante
Na mira dessa copa desejada,
Sempre com grande fé no centro-avante
Que traz a malta toda deslumbrada
Co’a arte do pontapé, do mais pujante.
E vem aquela história mal contada:
Antes de defrontar a Inglaterra
‘Inda há que se apanhar o pouca-terra;

Para quem joga em casa tudo canta
E que se lixe a brava tugaria.
Chegada a Wembley já não se agiganta
Mais a rubra camisa que vestia
Esse homem qu’inda hoje nos encanta:
Eusébio, tanta falta nos fazia,
A falta que nos faz sentir o gozo
Nestes tempos de jogo tão merdoso!

(...)

18.9.06

Graças a Deus, eu cá sou ateu


Não sei a quem é que roubei este título, mas vem muito a propósito para os dias que correm. Se eu bem percebi, o Papa (que antes de o ser era o cardeal responsável por esse baluarte da paz e da tolerância que é a Congregação para a Doutrina da Fé, colectivo de artistas anteriormente conhecido como Inquisição) citou não sei quem que, não sei bem quando, disse não sei o quê sobre Maomé e/ou o Islamismo.

Sendo o quem e o quando da citação quase totalmente irrelevantes para efeitos práticos (na medida em que o que conta é que foi o Papa que falou e fê-lo agora), resta o quê. Ou seja: tirando todo o contexto, esquecendo quem é que disse, porquê, quando, a que propósito, e mais essas paneleirices todas que não interessam a ninguém (à excepção do Pacheco Pereira e mais dois ou três viciados em interessar-se por coisas), o que é que foi dito? Que tudo o que Maomé trouxe de novo (à religião) era "mau e desumano, tal como a sua ordem para espalhar a fé através da espada".

Claro que a resposta do chamado Mundo Muçulmano não foi unânime (os porta-vozes da comunidade islâmica em Portugal, para não ir mais longe, primaram pela contenção e pelas boas maneiras), mas não faltou quem prontamente incendiasse ou fizesse explodir a igreja mais próxima.

Pelo seu lado, a Al-Qaeda, por via de um tal Conselho Shura Mujahedin que opera (e de que maneira) no Iraque, fez saber que pretende “destruir a cruz e abrir as goelas daqueles que acreditam na cruz”. Dirigindo-se directamente ao Papa e a Roma, diz o seguinte: “Seus infiéis e déspotas: nós vamos prosseguir a nossa jihad e não iremos parar até Deus nos permitir cortar os vossos pescoços e erguer e fazer ondular a bandeira do monoteísmo quando a lei de Deus for estabelecida e governar todos os povos e nações”. O remate do comunicado, não menos edificante, dirige-se a todo o mundo não-muçulmano e reza, muito simplesmente: “conversão ao Islão ou morte pela espada”. Para rebater o argumento de que o Islão é violento, não é fácil fazer melhor.

Como dizia o outro (quiçá o mesmo a quem roubei o título) vou ali e já venho.

7.9.06

A velha história dos 2 pesos e das 2 medidas


Claro que a história é velha como o mundo. É ver o tratamento diferenciado que Deus providenciou para o Adão e para a Eva, para o Abel e para o Caim, para o Jacob e para o Esaú, para o José e para os seus irmãos (para já não falar da desgraçada da irmã) e por aí fora. Mas nem é preciso ir tão longe. Basta ir a Inglaterra, comer onças, beber pintas e no fim pagar em libras. Muitas libras, eu digo. Justos céus. Mas adiante.

Um dos exemplos mais flagrantes é a total discrepância na designação de seres, grupos, entidades ou instituições, no contexto das notícias e mesmo das aparentemente mais isentas. Exemplo: a propósito do chamado conflito do Médio Oriente, surgem sempre referenciados "o povo palestiniano" ou "os povos árabes", por um lado, e do outro nunca aparece "o povo israelita". A julgar pela esmagadora maioria das notícias, o conflito é entre Israel, um estado sem povo, uma entidade quase abstracta, e os árabes/os muçulmanos/os palestinianos, uma confusão desordenada de seres humanos sem governo(s) e sem governante(s).

O curioso é que isto não acontece (só) no Avante! ou em folhetos do Hamas. Isto acontece da mesma maneira no Diário de Notícias, no Público, no Expresso, na RTP, na SIC, na TVI, em toda a parte. É sem querer. Não é por mal. Mas lá que é revelador, é.

4.9.06

O Desinfeliz ainda mexe

Quem se acabou foi O Independente. E as putas das férias também.